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Bolsonaro quer auxílio emergencial para tentar se reeleger

Vale tudo para evitar a derrota. Se ela acontecer, que o país e o próximo presidente paguem a conta

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Hugo Barreto/Metrópoles
auxilio emergencial governo federal
1 de 1 auxilio emergencial governo federal - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ministro Paulo Guedes, da Economia, ganhou uma boa grana em sua conta bancária no paraíso fiscal das Ilhas Britânicas com a subida do preço do dólar provocada pela decisão do presidente Jair Bolsonaro de ignorar a lei do teto de gastos e pagar R$ 400 por mês às famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família.

Mas isso não vem ao caso agora. O ex-Posto Ipiranga corre o risco de ser abandonado por membros da sua equipe que se recusam a assinar embaixo da decisão de Bolsonaro que seria anunciada ontem, mas que não foi. Pedir demissão, Guedes não pedirá. Mais uma vez tenta encontrar uma saída para satisfazer seu chefe.

Estava tudo pronto para o anúncio no final da tarde, mas aí Guedes valeu-se do argumento de que hoje seria o caos no mercado financeiro. De certa forma, já havia sido. A Bolsa de Valores caiu 3,28%. O dólar foi a R$ 5,59, uma alta de 1,35%. “Amanhã será muito pior”, disse Guedes a Bolsonaro.

Ganhou tempo para convencer o presidente que é possível pagar 300 reais sem violar o texto de gastos, mas 400 reais, não. Bolsonaro está entre o anjinho que o aconselha a dar razão a Guedes e o diabinho que o aconselha a fincar pé nos 4oo reais, e se der acrescentar mais 100. Afinal, conforme o diabinho…

O diabinho fala pela boca dos políticos do Centrão, tipo Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil, e João Roma (Republicanos-BA), ministro da Cidadania. Mandar a lei do teto de gastos às favas seria a última oportunidade de Bolsonaro recuperar a popularidade e disputar a reeleição com chances de vencer.

Haveria mais dinheiro para aumentar o valor das emendas parlamentares ao Orçamento da União em 2022, e mais dinheiro para a construção de obras em redutos eleitorais dos aliados do governo. Se reeleito, Bolsonaro aplicaria um duro ajuste fiscal. Se derrotado, o próximo presidente é quem herdaria o problema.

Bolsonaro está inclinado a fazer o que o diabinho manda, pouco importa que a inflação cresça, os juros aumentem e os investimentos externos diminuam. Uma máxima atribuída a Napoleão Bonaparte vive sendo repetida por políticos que cercam Bolsonaro: “Primeiro a gente vence. Depois a gente vê”.

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