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Bolsonaro quer a cabeça do presidente da Petrobras, um general

Mas os colegas de farda de Joaquim Silva e Luna não querem dar, nem ele quer ser degolado

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras
1 de 1 Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em São Sebastião, Região Administrativa do Distrito Federal, a 26 quilômetros de Brasília, onde moram cerca de 90 mil pessoas, o botijão de gás custava 105 reais até a última sexta-feira. Nesta segunda-feira, R$ 120. Ou R$ 125, se entregue a domicílio.

A culpa é de quem? Segundo o presidente Jair Bolsonaro, é dos governadores de estados, da Petrobras, dos que o antecederam no cargo e, especialmente, do PT. Por que do PT? Tanto quanto ele, o PT é contra a política de preços da Petrobras.

Mas a Bolsonaro não importa. É culpa do PT porque ele se elegeu surfando na onda que se levantou contra o PT em 2018 e precisa que uma onda se levante para que possa se reeleger. Ele só não culpa a guerra porque foi a Moscou prestar solidariedade à Rússia.

O presidente americano Joe Biden é mais realista do que Bolsonaro e vai direto ao ponto: “O atual aumento nos preços do gás é, em grande parte, culpa de Vladimir Putin”, disse ele em uma reunião de prefeitos do país em Washington, na segunda-feira.

E Biden prevê que o aumento do combustível automotivo e do óleo para aquecimento doméstico ainda não terminou. A guerra na Ucrânia provoca estragos na economia mundial. Bolsonaro sabe, mas para ele o melhor é jogar a culpa nos adversários internos.

Ao mesmo tempo em que diz não ter ingerência na política de preços da Petrobras, Bolsonaro quer a cabeça do presidente da empresa indicado por ele mesmo, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, ex-ministro da Defesa de Temer.

Se depender do general e dos seus colegas de farda, não haverá degola. “Sou soldado. O campo de batalha é a minha zona de conforto. Não fujo do campo de batalha, abandonando a minha tropa. Não há crise”, ele disse à agência de notícias Reuters.

Reservadamente, Luna informa a quem interessar que não pedirá demissão. Luna foi escolhido para presidente da Petrobras no ano passado, quando um reajuste nos preços dos combustíveis provocou a saída do cargo do economista Roberto Castello Branco.

Foi Bolsonaro quem pressionou Castelo Branco a pedir demissão. Sempre que o preço do petróleo sobe no mercado internacional, a Petrobras sente-se obrigada a aumentar o preço dos combustíveis aqui. Desta vez, a empresa vinha contingenciando os repasses.

Isso gerou uma defasagem de cerca de 30% na gasolina e 40% no diesel. A pandemia e a guerra na Ucrânia fizeram os preços do barril de petróleo dispararem. Na semana passada, a Petrobras anunciou um reajuste de 19% sobre a gasolina e de 25% no diesel.

Os combustíveis são um dos itens que mais pesam no cálculo da inflação medida pelo IPCA. Economistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo calculam que o teto da meta da inflação (5%) deve ser estourado novamente neste ano. Os juros seguirão crescendo.

A inflação é o inimigo mortal de qualquer governante, ainda mais em ano de eleição. Há sinais de que Bolsonaro recupera parte da popularidade que perdeu, mas, se os eleitores concluírem em outubro que a vida piorou, ele será derrotado. Daí sua agonia.

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