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Bolsonaro ou a Covid, qual vírus é mais letal para os brasileiros

Tenho direito a morrer, mas não a matar você

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

No Exército é assim: não quer se vacinar? Taokey. Sem problemas. Passe no Recursos Humanos. Está demitido. Você tem o direito de não se vacinar, mas não o de pôr em risco a vida dos outros.

O sérvio Novak Djokovic, o maior tenista da atualidade, amanheceu hoje sem saber se participará do Aberto da Austrália a começar amanhã naquele país, ou ainda nesta noite no Brasil.

Foi detido há uma semana pela imigração australiana por não estar vacinado nem dispor de documentação adequada de exceção. A Justiça deu palavra final no seu caso.

Deu, pouco depois das 4h, horário do Brasil: manteve o cancelamento do visto de Djokovic com base no fato de que ele poderia representar um risco à saúde e à ordem públicas.

Em breve, o Parlamento alemão começará a debater a proposta do primeiro-ministro, o social-democrata Olaf Scholz, de tornar obrigatória a vacinação de todos os adultos.

Por uma questão técnica, a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou portaria do presidente Biden que obrigava empresas com mais de 100 empregados a exigir deles certificado de vacinação.

Os que não apresentassem deveriam ser testados semanalmente. A Suprema Corte, de maioria conservadora, entendeu que a portaria deveria ter sido aprovada no Congresso.

Em Québec, no Canadá, o primeiro-ministro François Legault avalia cobrar um imposto dos não vacinados porque eles adoecem, transmitem o vírus, e com isso aumentam os gastos públicos.

Há limites para tudo, até mesmo para a liberdade de opinião e de direitos. Se os direitos de que quero desfrutar prejudicam os seus ou a sociedade, eles devem ser restringidos.

Na China, e em outros países de regime autoritário, essa é uma questão pacificada – o Estado manda, e ai de quem não obedecer. Em países democráticos, o Parlamento e a Justiça decidem.

No Parlamento estão os representantes do povo. Na Justiça, os juízes que interpretam as leis promulgadas pelo Parlamento e que depois são escritas na Constituição.

Nada impede, porém, em momentos em que o destino da humanidade esteja em risco, que instituições como as Forças Armadas e entidades privadas estabeleçam suas próprias regras.

Posso como dono de um boteco, por exemplo, determinar: aqui só entra quem provar que se vacinou. Não preciso de autorização do Estado para proceder dessa maneira.

O governo negacionista do presidente Jair Bolsonaro está pouco preocupado com isso. Para ele só importa sobreviver e, se possível, ganhar mais 4 anos. Vidas não importam tanto, ou muito pouco.

Deu passe livre à circulação da Covid-19, sabotou a vacinação, escondeu o número de mortos e de infectados, e impulsionou uma tragédia que poderia ter sido menor.

Um em cada quatro brasileiros com 16 anos de idade ou mais diz ter recebido diagnóstico de Covid desde o início da pandemia, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem.

Significa que cerca de 42 milhões de pessoas foram infectadas, quase o dobro do total de casos registrados oficialmente. Bolsonaro dirá que a pesquisa é fajuta, como todas que ele nega.

A História, por sua vez, dirá, um dia, qual vírus foi o mais letal para os brasileiros neste início de século: a Covid-19 ou o Bolsonaro.

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