Bolsonaro mente outra vez para avançar sobre terras indígenas
O potássio é usado pelo presidente como desculpa para que latifundiários e garimpeiros possam explorar áreas protegidas da Amazônia
atualizado
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Não há evidência de jazidas de potássio em terras indígenas da Amazônia. O Brasil tem reservas de potássio suficientes para abastecer o agronegócio até o fim deste século. Dois terços das jazidas estão fora da Amazônia Legal.
Um décimo apenas das reservas conhecidas de potássio na Amazônia Legal, e todas não homologadas até hoje, envolve alguma superposição com terras indígenas. Não há potássio nas reservas homologadas. Então? Então, Bolsonaro mente outra vez.
Ele usa a tragédia da guerra na Ucrânia para defender a regulamentação do Projeto de Lei 191, de 2020, que poderá diminuir a dependência do Brasil de fertilizantes importados da Rússia; o potássio é um deles. A Rússia parou de vendê-lo.
A regulamentação interessa aos parlamentares ligados ao agronegócio, porque interessa a latifundiários e grileiros que querem ocupar terras indígenas. Como interessa a eles, interessa ao presidente, carente de votos para se reeleger.
Antes de ser afastado do Exército por indisciplina, Bolsonaro foi garimpeiro às escondidas dos seus superiores. Um militar da ativa não pode exercer outra atividade. Um dono de fazendas, hoje, arrecada dinheiro de latifundiários para a campanha de Bolsonaro.
A Constituição permite a lavra de riquezas minerais em reservas indígenas, mas ela só poderá ser feita se as comunidades afetadas forem ouvidas e concordarem. Bolsonaro tem pressa e conta com o apoio do deputado Arthur Lira (PP), presidente da Câmara.
Para agradar aos militares, diz e repete que a Amazônia é nossa, mas não se incomoda em devastá-la. Quanto aos índios, o índio bom para Bolsonaro é o que abandona suas terras, renuncia aos seus costumes, e se integra ao mundo dos brancos.