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Bolsonaro leva carão de diplomata ucraniano e envergonha o Brasil

Esperto é o sujeito sagaz, com facilidade para compreender as coisas. Mas pode ser também o sujeito velhaco, que gosta de enganar os outros

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Salão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, durante reunião emergencial sobre a guerra na Ucrânia - Metrópoles
1 de 1 Salão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, durante reunião emergencial sobre a guerra na Ucrânia - Metrópoles - Foto: Michael M. Santiago/Getty Images

O ideal seria que ele transferisse ao ministro das Relações Exteriores do Brasil qualquer pergunta que lhe façam sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Não procede assim quando o que está em jogo são assuntos econômicos? Ao invés de chamar Paulo Guedes, chamaria o embaixador Carlos Alberto França.

Bolsonaro diz que não entende de economia, e que não tem obrigação de entender. Por que não diz o mesmo sobre relações internacionais, educação, ciência e tecnologia, saúde, cultura e outros temas que estão fora de sua área de conhecimento? Seu eleitor raiz lhe daria razão, além do voto.

Mas, não. Ele não se incomoda em passar vergonha e em envergonhar o país. A mais recente foi a repreensão que levou do encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach. Ao renovar seu apoio a Vladimir Putin, presidente russo, Bolsonaro referiu-se ao presidente da Ucrânia como “comediante”.

Ouviu de volta: “O nosso presidente foi democraticamente eleito, não importa a profissão que tivesse”. (Como aqui foi democraticamente eleito um ex-capitão que perdeu a farda porque planejou detonar bombas em quartéis em campanha por melhores salários, e explorou garimpos sem autorização dos superiores.)

Tkach classificou Bolsonaro de “mal informado” e sugeriu que procurasse o presidente ucraniano para conversar, como fizera com Putin. O cômico é que o presidente do Brasil passou recibo do carão. Respondeu ao diplomata ucraniano que não tem o que conversar com o presidente Volodymir Zelenski.

No momento, a estrela mais reluzente do planeta é justamente Zelenski. À exceção de Putin e de poucos chefes de Estado que o seguem, todo mundo quer conversar com Zelenski, o comediante que parou de fazer graça e passou a ser levado a sério. Bolsonaro declarou que o Brasil permanecerá neutro em relação à guerra.

A Suíça, com tradição de neutralidade em todos os conflitos, condenou a invasão da Ucrânia e aderiu às sanções contra a Rússia. Mas, não seja por isso: das duas vezes nos últimos cinco dias em que o embaixador Ronaldo Costa Filho discursou na ONU, o Brasil condenou a violação da soberania da Ucrânia.

Então, onde fica a neutralidade apregoada por Bolsonaro? Ele não sabe o que fala. Deveria calar-se para não emporcalhar mais ainda a imagem do país. Na semana passada, Donald Trump disse que Putin é “um gênio”. Como pegou mal para ele, corrigiu-se dizendo que Putin é um gênio se comparado com Joe Baden.

Trump é esperto e tem bons conselheiros. Se Bolsonaro tem bons conselheiros, não lhes dá ouvidos. Esperto, segundo os dicionários, é o sujeito sagaz, hábil, que tem facilidade para perceber e compreender as coisas. Mas pode ser também o sujeito velhaco, trapaceiro, que age desonestamente, buscando enganar os outros.

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