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Bolsonaro estica a corda com o Exército em defesa de Pazuello

Ao nomear o general secretário em uma Secretaria comandada por um almirante da ativa, o presidente aumenta o risco de uma nova crise militar

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Bolsonaro Exército
1 de 1 Bolsonaro Exército - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

O Exército brasileiro pouco fez ao longo de sua história para merecer ser chamado de “o grande mudo”, como desejou nos anos 1950 Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Rondon, famoso por seu apoio às populações indígenas.

“L’Armée est la grande muette” (O Exército é o grande mudo), dizia-se do Exército francês no início do século passado. Aqui, tentou-se colar a frase ao Exército, mas não deu, de tanto ele envolver-se com política a pretexto de salvar a democracia.

De maneira velada, novamente meteu-se em 2018 para ajudar o ex-capitão Jair Bolsonaro, afastado pelo Exército por indisciplina, a derrotar o PT. E uma vez que ele foi eleito, meteu-se com a pretensão de governar à sua sombra. Deu nisso que está aí.

Ou o “grande mudo” fala, agora, pela boca do seu comandante, o general Paulo Sérgio Noronha, ou reafirma, e nesse caso por omissão, que de apartidário, de fato, não tem nada, nunca teve. Em questão, o comportamento do general Eduardo Pazuello.

Militares que cercam Noronha admitem que ele esteja numa sinuca de bico depois de ouvir de Bolsonaro que Pazuello não merece punição por comparecer à manifestação promovida por motociclistas do Rio. Foi Bolsonaro que a comandou.

General da ativa é proibido de participar de atos políticos, a não ser com a autorização superior. Noronha não lhe deu tal autorização. Se Pazuello ficar impune, estará de volta a anarquia militar que só pareceu contida com o fim da ditadura de 64.

Bolsonaro paga para ver se Noronha terá coragem de contrariá-lo. Voltou a esticar a corda ao nomear Pazuello para o cargo de secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Não o fez pelo fato de Pazuello estar desempregado desde sua demissão do Ministério da Saúde, onde fracassou no combate à pandemia; nem pelo salário de R$ 16.944,90. A Secretaria é comandada por um almirante, por sinal militar da ativa.

Pesou na decisão de Bolsonaro seu desejo de ter um Exército para chamar de seu e não de nosso, obediente às suas vontades, e que no ano que vem marche no ritmo do seu passo. Esse é o objetivo que persegue para escapar de uma eventual derrota.

Por enquanto, o tempo passa, a Lusitana roda, e Noronha hesita em punir Pazuello que desertou do Exército para incorporar-se à tropa do ex-capitão rebelado.

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