Bolsonaro está se matando aos poucos
O que o médico mandou que fizesse, ele não fez
atualizado
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Nada a ver com tiros no pé. Bolsonaro não perde uma oportunidade de atirar no próprio pé. Desta vez, trata-se de fazer tudo ao contrário do que manda seu médico.
Bolsonaro é o maior inimigo do seu governo. Faz tudo errado desde que se elegeu acidentalmente presidente da República em 2018 e tomou posse.
É também o maior inimigo da sua saúde depois que foi esfaqueado em Juiz de Fora. Deveria se cuidar, mas não se cuida. Foi internado, ontem à noite , em Brasília, mais uma vez.
Verdade que toda vez que ele se interna, seus devotos saem em seu socorro nas redes sociais. Se a popularidade não aumenta por causa disso, para de cair. Recuperado, dá glórias ao Senhor.
Então, reprisa o discurso de que escapou de morrer porque Deus lhe conferiu a missão de salvar o Brasil. Quem acredita nele, acredita no que ele diz, seja o que for. Os evangélicos exultam.
Em janeiro último, ao baixar a um hospital em São Paulo, Bolsonaro telefonou aos prantos para seu médico, o cirurgião Antônio Luiz Macedo, que estava no exterior, e disse:
“Estou morrendo, Macedo. A coisa está ruim”.
Bolsonaro já passou por seis cirurgias. No ano passado, deveria ter passado pela sétima, mas os riscos eram grandes. A internação, em janeiro, deveu-se a um camarão que engoliu sem mastigar.
Macedo repetiu as recomendações de sempre:
“Caminhar todos os dias. Meia hora de manhã, meia hora de tarde. Isso melhora o peristaltismo intestinal (os movimentos involuntários realizados pelo órgão que facilitam a digestão) e deverá ser feito para sempre. Mastigar 15 vezes os alimentos.”
O que ele não deve fazer? Macedo disse:
“Evitar alimentos como carne, castanha de caju e amendoim, que formam um bolo que passa com mais dificuldade pelo intestino. Evitar subir em caminhões ou lugares altos. Se o impacto de uma queda atingir a região fragilizada, que é o lado esquerdo na altura do umbigo, pode romper o intestino. Aconselhei a dona Michelle a botar um cadeado na moto dele. Não pode fazer força também por bom tempo — a força pode fazer o abdome torcer.”
Quem disse que Bolsonaro seguiu as recomendações médicas? Quantas vezes de lá para cá não desfilou em cima de motos? Quantas vezes não pilotou jet sky para causar boa impressão?
Quantas vezes não se empanturrou de carne, naturalmente acompanhada de farofa, seu prato preferido? Alguém contou o número de vezes que ele mastigou um alimento? Nem ele.
Bolsonaro havia prevenido Macedo que seria difícil seguir a dieta prescrita por ele. Se não seguisse, respondeu Macedo, “o risco de uma nova obstrução é considerável”.
O intestino de Bolsonaro está todo colado na parede devido a vários fatores — entre eles, a facada, as cirurgias, os sangramentos e infecções já ocorridas. É sempre perigoso, portanto.