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Bolsonaro está melhor da erisipela e pior da depressão pós-derrota

Os militares já batem continência a Lula

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Caminhão de mudança leva quadro de Jair Bolsonaro
1 de 1 Caminhão de mudança leva quadro de Jair Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Quantas vezes não lemos que, recuperado da depressão que o abateu depois da derrota para Lula em outubro, Bolsonaro, pouco a pouco, voltava a sorrir, a conversar animadamente com amigos e a fazer planos para o futuro? Quantas vezes não lemos isso?

Foi mais torcida dos que cercam o presidente de saída do que a verdade. Torcida compreensiva no caso dos que dependem de Bolsonaro para dar a volta por cima. Outros, mais espertos ou realistas, já o abandonaram e foram cuidar da própria vida.

Bolsonaro continua enfermo. Melhorou da erisipela que o impedia de vestir-se direito, mas da depressão, não; afunda-se nela à medida em que se aproxima o 1º de janeiro, dia da posse de Lula, e de ele se picar de vez do Palácio da Alvorada. O poder vicia.

Quem foi capaz de imaginar que aquele recruta magrinho e sem muitas luzes, que só se destacava em corridas de curta distância, mais tarde afastado do Exército por ter planejado atentados terroristas a quartéis, um dia se elegeria presidente? Nem ele.

De execrado por antigos companheiros de farda, passou a objeto de culto deles, exemplo para as futuras gerações de militares e chefe supremo das Forças Armadas, merecedor de todas as vênias. Foi uma travessia que lhe tomou mais da metade dos seus 67 anos.

Agora, a que se vê relegado? À condição de o primeiro presidente que tentou se reeleger e não conseguiu. O fato de ter perdido por pouco não o consola. Boa parte dos votos que teve foi de brasileiros que se recusaram a digitar o número de Lula na urna.

O inverso é verdade, mas Lula terá quatro anos para consolidar os votos relutantes que atraiu. E Bolsonaro? Para que lhe servirão os próximos quatro anos? Uma coisa seria vivê-los como o presidente que derrotou o PT duas vezes, e talvez para sempre. Outra…

Outra como o presidente acidental que desperdiçou a chance de se afirmar como o mais poderoso líder da direita na América Latina no primeiro quarto do século XXI. Bolsonaro nunca foi homem de partido, nunca gostou de pegar no pesado, não é um formulador.

Seu destino é sombrio. Por isso ele sofre, desespera-se, e como os golpistas de porta de quartel, reza por um milagre que o salve do degredo. Enquanto isso, mesmo que à paisana e dentro de um quarto de hotel, os militares já batem continência a Lula.

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