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Bolsonaro está entre perder a eleição ou a identidade

Moderar-se para diminuir sua rejeição ou correr o risco não ser desprezado pelos devotos?

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Jair Bolsonaro em seu discurso na ONU
1 de 1 Jair Bolsonaro em seu discurso na ONU - Foto: Marcos Corrêa/PR

Periga de a eleição passar sem que Bolsonaro resolva o dilema que tanto o aflige: moderar ou não o comportamento para que evitar que sua rejeição aumente?

Do tamanho que ela está, será muito difícil que ele se reeleja no segundo turno. No primeiro, nem pensar, e Bolsonaro já não conta mais com isso.

Ele já se dará por feliz se disputar o segundo turno. E caso perca, dirá que a eleição foi roubada, esforçando-se por se manter politicamente vivo. “O capitão vai voltar”, dirão seus devotos.

Ocorre que a moderação nunca vez parte do figurino cortado por Bolsonaro para se eleger vereador uma vez, deputado federal sete vezes, e finalmente presidente da República.

Bolsonaro investiu mais de 30 anos de sua vida em apresentar-se como um autêntico extremista de direita. A fantasia caiu-lhe bem, e se ela a despir perderá a sua identidade.

Os filhos são cópias mais ou menos perfeitas dele. E se alguns são infelizes, pelo menos todos enriqueceram. Nem sempre o dinheiro traz felicidade, mas a falta dele dificulta muito as coisas.

Foi quando já não tinha mais disposição para continuar na Câmara dos Deputados que Bolsonaro pensou em se lançar candidato a presidente. Queria ajudar a carreira política dos filhos.

Se perdesse, iria curtir a vida com Michelle e a filha. E pescar na companhia de Fabrício Queiroz, bom de anzol. Ganhou. E desde então ocupa-se em tentar salvar os filhos de encrencas.

O que mais teme é que eles possam ser presos se ele deixar de ser presidente. Bolsonaro já foi preso por indisciplina quando era militar e carrega as marcas disso até hoje.

Ainda sofre de pânico noturno, e não tem mais o advogado Gustavo Bebianno para acalmá-lo, como conta a jornalista Juliana Dal Piva no seu livro “O Negócio de Jair”.

Bebianno foi o primeiro ministro demitido por Bolsonaro. Caiu porque Carlos, o vereador, sentia ciúmes dele. Um infarto fulminante o matou menos de um ano depois.

É uma pena que tenha desaparecido o celular onde Bebianno guardou parte de suas conversas com Bolsonaro e Carlos. Quem sabe não aparecerá se a eleição for para o segundo turno.

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