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Bolsonaro espera que militares mantenham acesa a chama golpista

Para isso foi feita uma auditoria do processo eleitoral que será revelada hoje

atualizado

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Manifestantes pró-Bolsonaro com bandeiras do Brasil enroladas ao corpo em frente ao Quartel General do Exército Forte Caxias, QG do exército em Brasília - Metrópoles
1 de 1 Manifestantes pró-Bolsonaro com bandeiras do Brasil enroladas ao corpo em frente ao Quartel General do Exército Forte Caxias, QG do exército em Brasília - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Se depender das Forças Armadas, elas continuarão com um pé na legalidade e outro no golpismo. A auditoria militar do processo eleitoral, cujas conclusões serão divulgadas hoje, apontará supostas irregularidades e falhas que darão ânimo ao golpismo.

Mas não será clara e incisiva a ponto de deslegitimar os resultados das eleições de 30 de outubro que deram a vitória a Lula, e indicaram a porta da rua a Bolsonaro. Com isso, os militares se sentirão à vontade para bater continência ao presidente eleito.

Bolsonaro deve estar com algum ferimento na perna que o impede de se vestir depois que foi derrotado, mas ele já foi visto algumas vezes desde então e não estava nu. O provável é que tenha se recolhido para sentir o pulso do golpismo que anima seus devotos.

Já ficou mais otimista ao ver milhares deles (só em São Paulo, 32 mil) ocupar praças e espaços diante de unidades militares a pedirem intervenção federal para reverter sua derrota. Os caminhoneiros, por sua vez, bloquearam estradas em todo o país.

Por obra e graça da justiça, o movimento perdeu força e tornou-se residual. Bolsonaro espera que ele ganhe um novo alento com a palavra dos militares sobre as urnas e a contagem dos votos. Uma vez golpistas por formação, os militares sempre o serão.

Enganam-se e tentam enganar os outros ao dizerem que não são golpistas, mas democratas, e defensores dos superiores interesses nacionais, mais até do que os civis. Por amor à democracia e ao Brasil foi que sustentaram uma ditadura que durou 21 anos.

Igualmente por amor, e não em defesa dos seus, bancaram uma anistia que perdoou os crimes de sangue, torturas e mortes. A esquerda que matou fora punida com morte, prisão e exílio. A anistia beneficiou os militares que torturaram e mataram.

Cabe à justiça, e somente a ela, declarar a legalidade do processo eleitoral. É o que diz a Constituição que os militares juram respeitar. As eleições deste ano foram limpas e justas, segundo o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal.

Foram limpas e justas, segundo o Tribunal de Contas da União e a Ordem dos Advogados do Brasil; limpas e justas, segundo dezenas de entidades internacionais convidadas a acompanhá-las de perto. Os principais líderes do mundo cumprimentaram Lula pela vitória.

O próximo governo já começou a governar enquanto os Bolsonaro tentam pacificar suas relações internas, e o presidente de saída, inimigo do trabalho, ainda dá vazão aos seus instintos mais primitivos. Aos poucos, o país saberá melhor quem ele é.

O que mais espanta é que um sujeito tão sórdido como ele, um ilustre desconhecido, tenha sido eleito e desgovernado o país impunemente por quatro longos e tristes anos. E que ainda imagine voltar um dia a desgovernar.

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