metropoles.com

Bolsonaro espera novas decisões da Justiça que o contrariem

E se diz capaz de desrespeitá-las se for o caso

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/Metrópoles
Bolsonaro no STF
1 de 1 Bolsonaro no STF - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A mentira é mãe do blefe, e o presidente Jair Bolsonaro, admita-se, mente e blefa com a mesma naturalidade com que respira. Emparedado pelo Supremo Tribunal Federal depois de ter anunciado que não haverá eleições no próximo ano sem voto impresso, passou a dizer a seus confidentes que não respeitará mais decisões judiciais que o contrariem.

Nesse caso, não mente, apenas blefa, mas preocupa os que não sabem distinguir entre uma coisa e outra. Bolsonaro mente quando afirma que o voto eletrônico facilita fraudes. A verdade é outra. O que facilita fraudes, como demonstrado desde a introdução do voto secreto, é o voto impresso. Em 25 anos de voto eletrônico, não há registro de fraudes. Bolsonaro se elegeu por ele.

O presidente blefa quando sucumbe a explosões de raiva e diz o que jamais fará. Ele procedeu assim dezenas de vezes desde que assumiu o cargo. Numa delas, convocou alguns dos seus ministros e anunciou que se rebelaria contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para superintendente da Polícia Federal.

Ramagem é da copa e cozinha da primeira família presidencial brasileira. Foi ele que cuidou da segurança de Bolsonaro depois da facada de Juiz de Fora. Com a saída do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça, Bolsonaro enxergou a oportunidade para intervir diretamente na Polícia Federal, desejo que acalentava há muito tempo. Alexandre de Moraes o impediu.

Quem se reuniu com ele naquele dia ficou assombrado. Ele se dizia disposto a mandar fechar o tribunal. Conversou a respeito com chefes militares, que o desaconselharam a fazer isso. Como se fosse possível fazê-lo, salvo se quisessem romper com a ordem democrática, o que não fazia sentido e continua sem fazer. O novo blefe dele se revelará mais um qualquer hora dessas.

Os chefes militares concordam com Bolsonaro que o Supremo exorbita dos seus poderes e o impede de governar; que abriga ministros corruptos e de esquerda responsáveis pela reabilitação política do ex-presidente Lula. Daí a eles ultrapassarem a fronteira da legalidade há uma distância que não querem percorrer. Golpe sem amplo apoio popular é uma aventura destinada ao fracasso.

No alto comando da campanha de Lula, há muita gente que já trabalha com o cenário do declínio das chances de Bolsonaro se reeleger e da ascensão de um nome que possa se afirmar como candidato que venha mais adiante a atrair os votos da banda mais à direita da direita. É o cenário que mais aflige Lula e seus aliados incondicionais. Sem Bolsonaro, tudo poderia se inverter.

O PT fala em impeachment, mas não quer. Pressiona a Justiça contra Bolsonaro, mas não quer que ela o enfraqueça a ponto de inviabilizá-lo como candidato. A recíproca é a mesma – Bolsonaro precisa de Lula como espantalho para que ele não se esfarele. A polarização é vital para os dois, embora possa não ser a melhor saída para o país. Definitivamente, não seria a melhor.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?