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Bolsonaro, de presidente derrotado a cabo eleitoral dos outros

Triste fim, mas merecido. Eu acho é pouco

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Ministros Floriano de Azevedo e Benedito Gonçalves, relator da ação que pede inegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro
1 de 1 Ministros Floriano de Azevedo e Benedito Gonçalves, relator da ação que pede inegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Para surpresa de ninguém, o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no Tribunal Superior Eleitoral, votou a favor da inelegibilidade por oito anos de Bolsonaro, acusado de abuso de poder político e ataques à democracia. Foi um voto primoroso de 382 páginas, que deverá ser seguido pela maioria dos seus colegas.

Gonçalves derrubou um por um dos argumentos da defesa: não há direito absoluto; a liberdade de expressão não pode ser usada para burlar a lei eleitoral; a reunião de Bolsonaro com os embaixadores estrangeiros em 12 de julho do ano passado não foi um ato isolado; ali, antes e depois, Bolsonaro incitou os brasileiros ao crime.

A dúvida que sobra para a sessão final do julgamento, marcada para as 9h de amanhã (29) e que poderá se estender até a noite, é a seguinte: Bolsonaro será condenado por 6 votos contra 1 ou por 5 votos contra 2? O ministro Nunes Marques é um voto certo para absolvê-lo. Incerto é o voto do ministro Raul Araújo Filho.

Há cinco dias, Bolsonaro disse acreditar na possibilidade de Araújo Filho pedir vistas do processo, suspendendo o julgamento, no mínimo, por 60 dias. O ministro teve a chance de fazê-lo ontem, mal terminada a leitura do voto de Gonçalves. Não o fez. Elogiou o voto que acabara de ouvir e disse que dará o seu amanhã.

O melhor para Bolsonaro é já ir se acostumando com a ideia de não disputar eleições até 2030. Agradeça a Deus porque poderia ser pior. Outras 15 ações foram ajuizadas contra ele no Tribunal Superior Eleitoral. As ações também põem em risco os direitos políticos de pelo menos 68 pessoas, acusadas de infringir a lei.

À jornalista Mônica Bergamo Bolsonaro disse que tem “uma bala de prata” capaz de revogar a punição. Tem não. É puro blefe. Ele é um enganador conhecido. Como não pretende sair de cena, resta-lhe segurar seus fiéis devotos até a eleição presidencial de 2026. Só então dirá quem apoiará à vaga de Lula.

Será Michelle (PL), sua mulher? Bolsonaro diz que a ela falta traquejo porque nunca disputou uma eleição. Será Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, eleito com seu apoio? Bolsonaro diz que não sabe. O próprio Tarcísio hesita em ser candidato a presidente. A reeleição o atrai.

A inelegibilidade não impedirá Bolsonaro de participar da vida do seu partido, o PL, arrecadar dinheiro, discursar e subir em palanques de candidatos às eleições municipais de 2024. De presidente que tentou se reeleger e perdeu, a aspirante a candidato outra vez, agora rebaixado à condição de cabo eleitoral.

Que triste fim! Mais do que merecido. Eu acho é pouco.

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