Bolsonaro Cacareco 2.0 fica mais ridículo a cada dia que passa
Não fosse a pregação do golpe e o mau governo que faz, ele seria lembrado apenas como piada e marco do tempo que o país perdeu
atualizado
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O segundo turno já começou, Bolsonaro está perdendo e tem medo de ser preso se não se reeleger. É por isso que escalou sua pregação em favor de um golpe militar e fechou-se em copas.
Irrita-se com os que ainda ousam dizer-lhe que não é por aí que ficará no poder. Só ficará se recuperar parte dos eleitores que votaram nele em 2018 e que dizem que não votarão agora.
Ciro Nogueira (PP-AL) assumiu a Casa Civil como “o amortecedor de tensões” entre os Poderes da República. Na prática, desistiu do papel. Bolsonaro quer elevar as tensões, não amortecê-las.
Para isso, está disposto a fazer qualquer coisa. Com a notícia-crime que deu entrada no Supremo Tribunal Federal contra o ministro Alexandre de Moraes, quis transformar juiz em réu.
No país da jabuticaba como coisa nossa, ele pensou que isso seria possível. Apelou para a sorte: quem sabe a relatoria da notícia-crime não cairia no colo de um dos dois ministros que nomeou?
Deu ruim. Por manhas do sistema de sorteio do Supremo, coube ao ministro Dias Toffoli a relatoria do caso. Logo Toffoli, que abriu contra Bolsonaro um dos quatro processos que ele responde ali.
A notícia-crime foi uma das ações mais estúpidas a dar entrada no Supremo. Um estagiário a desprezaria de pronto. Mas assim como não entende de economia, Bolsonaro não entende de lei.
Na verdade, não entende de nada. Diga-se a seu favor que ele só pretendia causar barulho e ganhar tempo para que seus devotos fanáticos elegessem Moraes como alvo nas redes sociais.
O Supremo não lhe deu o tempo desejado. Resta-lhe, portanto, desafiar o ridículo e denunciar Moraes em cortes internacionais. Promete fazê-lo. Vai virar motivo de piada mundo afora.
Não fosse o apoio de militares que não se acanham em desfilar pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com velhos e fumacentos tanques de guerra, Bolsonaro não passaria de piada.
Uma piada sem graça que a maioria dos eleitores brasileiros em triste hora decidiu alçar à Presidência da República, parte deles com o propósito de evitar a volta do PT ao poder. Um cacareco.
Nas eleições de 1959, um festejado rinoceronte fêmea do Zoológico de São Paulo, chamado Cacareco, recebeu mais de 100 mil votos para vereador. O partido mais votado não chegou a 95 mil votos.
À época, a eleição era realizada com cédulas de papel. Cacareco morreu em 1962. Seus restos mortais repousam no Museu de Anatomia Veterinária da Universidade de São Paulo.
Cacareco 2.0 não terá seus restos preservados em museus, mas deveria, como lembrança do que foi um dia o pior presidente da história do Brasil.