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Bolsonaro aproveita tragédia baiana para atacar governadores

Ele pouco aprende, mas nada esquece

atualizado

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Secom/Presidência da República/Reprodução
Bolsonaro sobrevoa áreas atingidas por chuvas no sul da Bahia
1 de 1 Bolsonaro sobrevoa áreas atingidas por chuvas no sul da Bahia - Foto: Secom/Presidência da República/Reprodução

Nada mais comum em qualquer parte do mundo democrático do que o chefe de Estado visitar regiões atingidas por fenômenos da natureza que causaram mortes e sofrimento aos seus governados. Os que não o fazem pagam caro por isso nas eleições seguintes.

Bolsonaro aprendeu cedo a lição que custou mais tempo a Lula. Em julho de 2007, um Airbus 320 da TAM caiu perto do aeroporto de Congonhas matando 187 passageiros. Foi o maior acidente aéreo da história da aviação brasileira. Lula não apareceu por lá.

A julgar-se, porém, pelo que fez Bolsonaro ao visitar a região baiana onde inundações mataram 5 pessoas e feriram 175, deixando 6.472 desalojadas e 3.744 desabrigadas, ele não aprendeu a lição de que não se faz política com tragédias.

Na última sexta-feira, em meio ao vendaval que desabara provocando enchente de rios, perguntaram a Rui Costa (PT), governador da Bahia, se o governo federal lhe oferecera ajuda. Costa limitou-se a responder sem se queixar:

“Espero que ele, como historicamente sempre fez, ajude os estados, os municípios atingidos, mas até esse momento eu não recebi nenhuma ligação para tratar do assunto”.

Bolsonaro sobrevoou ontem a região conflagrada. Perguntado em Porto Seguro sobre como poderia ajudar as famílias que perderam suas casas e seus negócios, preferiu responder assim:

“Também tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores, e o pessoal da Bahia, fecharam todo o comércio e obrigaram o povo a ficar em casa. Povo, em grande parte, [trabalhadores] informais, condenados a morrer de fome”.

Viajou em campanha para reeleger-se, não para socorrer ninguém. Governar para ele é um fardo, não um dever de quem foi eleito. Apavora-o a ideia de que possa ser derrotado ano que vem. Gosta das miçangas do poder, não das obrigações que ele impõe.

Arrependeu-se de ter vestido a fantasia de Jairzinho paz e amor logo depois do golpe militar de 7 de setembro que imaginou ter sido possível. Um levantamento do jornal O Globo prova que sua nova versão só lhe fez mal em parte das redes sociais.

No início deste ano, a média de visualizações do Youtube dos seus vídeos ficava acima de 250 mil. De setembro para cá, não chega a 170 mil. O radicalismo rende dividendos em audiência para Bolsonaro, a moderação, não ou bem menos.

Isso e mais a entrada de Sergio Moro no páreo eleitoral explicam porque ele está voltando a falar grosso. Jairzinho só serviu para justificar o recuo de Bolsonaro no embate com o Supremo Tribunal Federal. Em breve, estará outra vez pintado para a guerra.

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