Bolsonaro afastou-se de Mourão, mas Mourão não se afastou dele
O trunfo do general para se eleger senador
atualizado
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Bolsonaro rejeitou o general Hamilton Mourão, seu vice. Trocou-o pelo general Braga Neto para disputar a reeleição. Mas Mourão não rejeitou Bolsonaro. E agora que disputa uma vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul, mesmo que quisesse, não o rejeitaria.
Mourão não tem votos suficientes para se eleger sequer vereador em Porto Alegre – quem tem é Bolsonaro, que em 2018 derrotou com folga no Rio Grande do Sul o candidato do PT a presidente, Fernando Haddad (63,24% dos votos válidos contra 36,76%).
A mais recente pesquisa do Ipec, ex-Ibope, deu Olívio Dutra (PT) à frente da corrida para o Senado (25% das intenções de voto), e logo atrás dele Ana Amélia (PSD) com 23%. Mourão (Republicanos). Ele está em terceiro lugar com 16%.
No primeiro dia de campanha, Mourão jogou na mesa seu trunfo mais forte para tentar se eleger. Ou melhor: afixou-o em todas as suas contas nas redes sociais. É um vídeo gravado por Bolsonaro onde ele diz com a economia de palavras que o caracteriza:
“Amigos do Rio Grande do Sul. Para um bom governo, nada como termos bons representantes no Senado, e no Rio Grande do Sul, o meu candidato ao Senado é o general Hamilton Mourão”.
Impactante, não? Mourão acrescentou à fala de Bolsonaro:
“Essa é a missão que o presidente Bolsonaro me coloca, representar o nosso estado no Senado, e com isso as ações do presidente por mais emprego, mais renda e um Brasil melhor”.
Bolsonaro e Mourão não se bicam desde que Carlos Bolsonaro, vereador, o Zero Dois, desconfiou que o general ambicionava o lugar do seu pai. Como sempre, Bolsonaro deu ouvidos ao filho, começou a se afastar de Mourão e até a hostilizá-lo.
Uma vez o comparou a “um cunhado que só atrapalha, mas que se tem de aturar”. Mourão disse ser contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, que Bolsonaro visitou para prestar solidariedade a Vladimir Putin. Bolsonaro mandou que ele se calasse:
“Quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro”.
É a sina dos generais que foram servir a Bolsonaro no Palácio do Planalto. Santos Cruz caiu também por obra e graça do Zero Dois. Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos vagam pelo palácio como fantasmas. É a vingança do ex-capitão expulso do Exército.