Bolsonaro adverte que a eleição de 2022 será também para o STF
Caso se reeleja, a ambição do presidente é mandar mais do que já manda hoje
atualizado
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Em suas falas ao vivo das quintas-feiras no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro costuma esconder a verdade que orienta os seus passos e dedica-se a disseminar o que gostaria de fato ver repetido por seus devotos e adversários. Mas ontem não foi só assim.
A certa altura, depois de ter defendido projeto que tramita no Congresso e que promove o retorno do voto em cédula, e de ter atacado o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que é contra isso, Bolsonaro ousou ir além.
Escapou-lhe dizer, embora não se descarte que o fez de propósito, que a eleição do ano que vem não se limitará a renovar os mandatos de presidente, governadores, senadores e deputados, mas também a composição da mais alta Corte de Justiça do país.
Não poderia ter sido mais claro e direto:
“A próxima eleição não é só de presidente, governador, senador e deputado, é também para o Supremo Tribunal Federal. Quem ganhar, no segundo semestre de 2023 indica dois ministros. Se eu me eleger, indicarei quatro. Não é maioria. Mas decide muito porque lá também tem negociação. Não é só no Congresso que tem. Se a gente indicar quatro, muda o perfil do Supremo”.
Em setembro do ano passado, Bolsonaro indicou Nunes Marques para substituir Celso de Mello, que se aposentou ao completar 75 anos de idade. Agora, em agosto, indicará o substituto do ministro Marco Aurélio Mello, que também se aposentará.
Em 2023, mais dois dos atuais ministros irão para casa – Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Caberá ao presidente da República indicar seus sucessores. Com quatro ministros para chamar de seus de um total de 11, a influência do presidente, ali, será brutal.
Tanto mais se esse presidente for Bolsonaro, que não se acanha em pressionar juízes e que já controla sem pudor órgãos como a Receita Federal, a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência e a Procuradoria-Geral da República.