Bolsonaro acusa três novos golpes em sua pretensão de se reeleger
A cantora Anitta vira alvo dos devotos do ex-capitão, acusada de ser “uma esquerdista radical”
atualizado
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A mais recente pesquisa Datafolha sobre as eleições de outubro trouxe duas péssimas notícias para Bolsonaro e seus devotos; e a realização do primeiro grande festival de música do país depois do início da pandemia da Covid-19 trouxe uma terceira.
O Datafolha ouviu, na semana passada, 2.556 eleitores em 181 cidades de todo o país e conferiu que 81% deles apoiam a exclusão de notícias falsas pelas redes sociais, enquanto 14% defendem que os usuários sejam alertados de que determinado conteúdo é falso.
Quer dizer: para quase 100% dos brasileiros, as grandes empresas de tecnologia devem ter um papel ativo em relação ao que é postado em suas plataformas, assumindo o papel de editoras de informação, e de não meras transmissoras passivas de conteúdos.
Jornais e emissoras de rádio e de televisão são responsáveis pelo que divulgam e estão sujeitos ao que dizem as leis. Por que não acontece o mesmo com as empresas de tecnologia que lidam com informações? Várias parecem começar a dar-se conta disso.
Mentiras fazem mal às pessoas que delas se valem para tomar decisões – das mais simples à escolha de um candidato em quem votar. O Congresso americano foi invadido, porque muitos acreditaram que a eleição do presidente Biden foi uma fraude.
Sessenta por cento dos eleitores entrevistados pelo Datafolha responderam que a desinformação propagada em redes sociais e aplicativos poderá ter muita influência nos resultados das eleições gerais de outubro, e só para 22% a influência será pequena.
A maioria (51%) também defende que as plataformas que se recusarem a cumprir determinações da Justiça devem ter o serviço suspenso. Foi o que ocorreu com o Telegram, refúgio dos bolsonaristas que sofrem restrições em outros espaços.
Segunda péssima notícia para o presidente da República: de acordo com o Datafolha, 82% dos brasileiros confiam nas urnas eletrônicas. Bolsonaro não se cansa de tentar desacreditar o voto eletrônico e de ameaçar não reconhecer o resultado da eleição se perder.
A terceira: o festival Lollapalooza, em São Paulo, que termina hoje, serviu de palco para manifestações de artistas e da plateia predominantemente jovem contra Bolsonaro e a favor de Lula. A cantora Pabllo Vittar, por exemplo, pediu votos para Lula.
O rapper Emicida, uma das principais atrações do segundo dia do festival, abriu seu show dizendo:
“Primeiro, boa noite. Segundo, eu não sei vocês, mas eu estava morrendo de saudade. Terceiro, se você tem de 15 a 18 anos, tira a porra do título de eleitor. Quarto, Bolsonaro, vai tomar no cu.”
O PL, partido de Bolsonaro, passou recibo. Acionou o Tribunal Superior Eleitoral contra a organização do festival por propaganda eleitoral irregular em benefício de Lula. Vai dar em nada, é só para dizer depois que a justiça é parcial.
O mais novo alvo das redes bolsonaristas é a cantora Anitta, chamada de “esquerdista radical” e de “mulher brasileira do tipo exportação” por insistir em recomendar aos jovens que tirem seu título de eleitor.