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Atenção, Lula: de boas intenções o inferno está cheio

Devagar com o andor para não quebrar o santo

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presidente da Venezuela, Nicolás Maduro ao lado do presidente Lula, saindo do palácio do Itamaraty após almoço realizado um dia antes da reunião com os presidentes dos países da América do Sul 1
1 de 1 presidente da Venezuela, Nicolás Maduro ao lado do presidente Lula, saindo do palácio do Itamaraty após almoço realizado um dia antes da reunião com os presidentes dos países da América do Sul 1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Uma coisa é relatar cruamente o que aconteceu. Por exemplo: Lula disse ontem que não reconhece a vitória de Nicolás Maduro na recente eleição da Venezuela, assim como também não reconhece a eventual eleição de Edmundo Gonzalez, o candidato da oposição.

Outra coisa é relatar qual foi a intenção de Lula ao dizer o que disse em resposta a uma pergunta que lhe foi feita. Para relatar qual foi a intenção, seria necessário ouvir Lula ou conversar com pessoas que soubessem o que o moveu a dizer o que disse.

Entendeu a diferença? Pois bem: à falta da informação sobre o porquê de Lula ter dito o que disse, só resta especular. Uns poderão achar, e com razão, que Lula apenas se repete, uma vez que sempre cobrou a apresentação das atas eleitorais.

A oposição publicou 80% das cópias de atas com o número de votos distribuídos entre os candidatos – e elas mostram que Gonzales se elegeu com folga. Maduro, até hoje, não apresentou cópias de atas, limitando-se a afirmar que o eleito foi ele.

Outros poderão achar, e também com razão, que Lula, ao dizer que não reconhece a vitória de Maduro ou de Gonzalez, deu um passo adiante na tentativa de convencê-los a disputar uma nova eleição, desta vez sob supervisão internacional.  Os dois rejeitam a ideia.

O fato é que o tempo passa e mais se enfraquece o papel assumido por Lula, sem que ninguém o forçasse a isso, de mediador da crise política na Venezuela. No início do seu governo, Lula ofereceu-se para ajudar a pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Depois, ofereceu-se para fazer o meio de campo entre Israel e o Hamas. O Brasil não tem cacife para tal, e as ofertas de Lula foram desconsideradas. No caso da Venezuela, a princípio, o Brasil teria condições para fazer os dois lados chegarem a um acordo.

Até aqui não deu certo. De boas intenções o inferno está cheio. Em julho do ano passado, uma pesquisa Atlas Intel revelou que 73,4% dos brasileiros acham que a Venezuela é uma ditadura, contra somente 6,1% que acreditam que é uma democracia.

Quase 80% dos eleitores da cidade de São Paulo dizem acreditar que as eleições na Venezuela do último dia 28 podem ter sido fraudadas, segundo pesquisa do Datafolha que entrevistou 1.092 pessoas entre os dias 6 e 7 de agosto.

Lula vai precisar dos votos dessa gente se quiser se reeleger.

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