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Arthur Lira, o último imperador do Centrão, tenta emparedar Lula

Ou os dois se entendem ou um deles sairá derrotado

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aperta a mão do presidente eleito Lula. Ambos olham para a câmera e sorriem, na porta da residência oficial do presidente da casa legislativa- Metrópoles
1 de 1 O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aperta a mão do presidente eleito Lula. Ambos olham para a câmera e sorriem, na porta da residência oficial do presidente da casa legislativa- Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

À época líder do PTB na Câmara dos Deputados, o pernambucano José Múcio Monteiro foi surpreendido em novembro de 2007 com o convite do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva para ser seu Ministro-Chefe da Secretaria de Relações Institucionais.

Antes que seu nome fosse anunciado oficialmente, ele consultou um amigo a respeito e confessou por que estava inclinado a aceitar o convite:

“Meu sonho era ir para a esquerda, mas quando eu estava indo, ela veio ao meu encontro”.

Monteiro nasceu para a política no berço da direita. Em 1986, foi candidato ao governo do seu Estado numa eleição considerada perdida de véspera para Miguel Arraes, que com a Lei da Anistia acabara de voltar do exílio na Argélia e na França.

Arraes governou Pernambuco entre 1962 e 1964; foi deposto e preso pela ditadura militar. Monteiro havia sido prefeito de um pequeno município. Arraes era muito mais velho do que ele, mas simbolizava a esperança. Monteiro tinha pinta de continuidade.

Tão logo virou ministro de Lula por dois anos, Monteiro começou a escrever um diário onde registrava tudo o que ouvia.  Em pouco tempo, desistiu da tarefa e queimou tudo que escrevera após uma conversa com o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).

“Há coisas que não se deve sequer anotar”, disse Monteiro. Anos mais tarde, acusado de quebra de decoro parlamentar, Cunha foi cassado e preso pela Lava Jato. Antes, como presidente da Câmara, ele abriu o processo de impeachment que derrubou Dilma.

Hoje, Lula deverá reunir-se com Arthur Lira (PP-AL) para acertar os ponteiros sobre a aprovação da PEC da Transição, que garante o pagamento do Auxílio Brasil e do reajuste do salário mínimo acima da inflação. Em pauta, também, o Orçamento Secreto.

Se há uma coisa que Lula detesta é sentir-se emparedado. Ou então ouvir cobranças que julgue descabidas ou mesmo desrespeitosas. Cunha era muito franco e ia direto ao ponto que interessava. Nesse aspecto, mas não só, Lira é parecido com ele.

Em recente encontro com Lula, Lira elevou o tom e disse com todas as letras o que queria em troca da aprovação da PEC.  Lula irritou-se.  Se for verdade que, entre outras coisas, Lira pediu o Ministério da Saúde para chamar de seu, não levou, nem levará.

Se for verdade que manifestou a suspeita de que o PT (leia-se: Lula) conspirou com o Supremo Tribunal Federal para derrubar o Orçamento Secreto, esse seria mais um dos motivos da irritação do presidente eleito. Lira pode muito, sim, mas Lula pode mais.

Sem Orçamento Secreto, a reeleição de Lira para a presidência da Câmara balança, balança e talvez caia. Sem a PEC da Transição, Lula terá a Medida Provisória que poderá editar com o mesmo valor da PEC, mas que ficará sujeita ao aval futuro do Congresso.

Lira tenta salvar o Orçamento Secreto que o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, considera inconstitucional. Para Lula, o ideal seria a aprovação até a próxima semana da PEC da Transição. O novo Congresso será muito pior que o atual.

Quem vencerá a parada? Lula? Lira? Ou o entendimento?

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