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Adeus, Bolsonaro. Talvez nos reencontraremos daqui a oito anos

O sujeito oculto do julgamento são as duas tentativas de golpe, uma, em dezembro, a outra em janeiro

atualizado

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Bolsonaro
1 de 1 Bolsonaro - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

É de ver se Nunes Marques, que deve a Bolsonaro sua indicação para ministro do Supremo Tribunal Federal, seguirá prestando favores ao padrinho como tem feito desde que assumiu o cargo.

Só o voto dele poderá impedir que Bolsonaro tenha seus direitos políticos cassados no julgamento marcado para a próxima quinta-feira (22/6) no Tribunal Superior Eleitoral.

Bolsonaro é acusado de abuso do poder político e de ato hostil à democracia quando atacou o Poder Judiciário e tentou pôr em dúvida a segurança do processo eleitoral brasileiro.

Nunes Marques votará por sua absolvição, disso seus colegas têm certeza. Mas se ele pedir vista do processo, a sessão de julgamento será suspensa e só deverá ser concluída a partir de agosto.

Para quê pedir vista do processo se é certo que Bolsonaro ficará inelegível por oito anos? O próprio Bolsonaro, ontem, admitiu que é isso o que provavelmente acontecerá.

“Não vamos apavorar com o resultado que vier. Obviamente, não quero perder os direitos políticos. […] A gente quer continuar vivo contribuindo com o país. Nós temos esse problema agora. Vamos enfrentar isso no dia 22. Já sabemos que os indicativos não são bons, mas estou tranquilo”.

Os indicativos são péssimos, ele sabe. E tranquilo não está. O sujeito oculto do julgamento é o golpe que Bolsonaro não deu porque desconfiava da adesão dos comandantes militares.

Foram duas as tentativas frustradas de golpe, e para cada uma havia uma minuta. Tramou-se a primeira entre novembro e dezembro. A segunda materializou-se em 8 de janeiro.

De acordo com a primeira minuta, Bolsonaro decretaria o estado de sítio no país e convocaria os militares para restabelecer a ordem pública, mesmo que não houvesse desordem.

No estado de sítio, o presidente restringe o sigilo das comunicações, a liberdade de imprensa e o direito de reunião. Pessoas podem ser presas sem ordem da justiça.

A minuta do golpe de dezembro foi encontrada no celular do tenente-coronel Mauro Cid; a do golpe de janeiro, na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Mauro Cid está preso na Vila Militar, em Brasília. Torres cumpre prisão domiciliar usando uma incômoda tornozeleira eletrônica. Bolsonaro ainda está solto. Mas, até quando?

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