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Foi-se o tempo em que países da América Latina eram chamados de Repúblicas de Bananas. O termo pejorativo é uma criação do humorista e cronista norte-americano O. Henry, e apareceu pela primeira vez no seu livro de contos “Cabbages and Kings”, publicado em 1904. Referia-se a Honduras.
Mais tarde, o termo seria aplicado a países politicamente instáveis, onde a corrupção pontuava todos os negócios e os governantes eram opressores ou ditadores. A economia desses países dependia em grande parte da exportação de monoculturas – bananas, café, laranjas, cana-de-açúcar, ou da extração de minerais.
O termo pegou dada à forte presença das empresas americanas “United Fruit Company” e “Stand Fruit” que controlavam a produção de frutas nos países do Caribe. Elas mandavam nos governos, e se contrariadas, valiam-se da força de milícias e exércitos de aluguel para submetê-los ou derrubá-los.
Ainda hoje, donos de grandes fortunas, que acham que tudo podem, olham para certas regiões do mundo como se elas fossem uma extensão dos quintais de suas casas. Um deles, o CEO do Telegrama, foi preso na França por desrespeito às leis da Comunidade Europeia sobre o uso de plataformas digitais.
Outro, Elon Musk, o homem mais rico do mundo, está ameaçado de ser banido do Brasil por desobedecer a ordens judiciais. Um claro exemplo de soberba arrogância, recém-convertido aos ideais da extrema-direita, Musk está prestes a ver o X, ex-Twitter, ser retirado do ar no Brasil – se é que a essa hora ainda não foi.
Em choque com Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, Musk não só ignorou suas decisões como fechou a representação do X no país para fugir ao pagamento de multas. Uma empresa estrangeira sem representação oficial torna-se clandestina, acima das leis e a salvo de fiscalização.
Mesmo que seu propósito inicial não fosse tirar o X do ar, não resta outra saída a Moraes. O culpado por isso não será ele, mas o poderoso chefão da plataforma. Pressionado pela justiça ou até mesmo por governos de outros países, Musk rendeu-se às suas orientações e obedeceu às suas ordens. Por que no Brasil, não?
Não é uma questão de nacionalismo. É sobre leis. É sobre o entendimento de que há limites para tudo, inclusive para a liberdade de expressão. Uma das belezas da democracia é se poder dizer o que se pensa. Mas isso requer identificação e não pode se dar ao arrepio dos códigos que regulam o comportamento social.
Se não, de volta às cavernas. É para onde caminha a humanidade se não parar de destruir o ambiente onde vive.
P.S. – Este blog, há 20 anos no ar, doravante poderá ser acessado também em um novo endereço: https://bsky.app/profile/blogdonoblat.bsky.social