A tragédia dos Yanomami e a comissão externa de araque do Senado
Rodrigo “Pirilampo” Pacheco deve explicações
atualizado
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O que senadores de boa reputação como Humberto Costa (PT-PE) e Eliziane Gama (PSD-MA) estão fazendo na comissão externa criada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para acompanhar a tragédia humanitária que se abateu sobre os indígenas Yanomami? Legitimam uma farsa.
Dos cinco integrantes da Comissão, três são senadores por Roraima, assumidamente defensores do garimpo e que não estão nem aí para os índios deliberadamente abandonados pelo governo Bolsonaro. A ligação de Bolsonaro com garimpeiros é antiga e atravessou toda sua vida desde a infância. Ele nunca a negou.
Seu Percy Geraldo, pai de Bolsonaro, testou a sorte na lavagem de areia em aluviões de São Paulo para sustentar a família. Não há notícia de que tenha se dado bem, pelo contrário. Já como militar, sem que seus superiores soubessem e violando normas do Exército, Bolsonaro foi atrás de ouro na Bahia e no Mato Grosso.
Pouco lhe importava que pudesse ser flagrado. Por dinheiro, ele faria coisas piores. Planejou atentados à bomba a quartéis e acabou afastado do Exército. Como deputado federal, empregou em seu gabinete funcionários fantasmas que lhe devolveram parte dos seus salários. Ensinou os filhos a procederem como ele.
O presidente da comissão do Senado atende pelo nome de Chico Rodrigues, que, recentemente, se descobriu socialista e filiou-se ao PSB. Sim, Rodrigues é aquele que escondeu 33 mil reais em dinheiro vivo em meio às nádegas para escapar da Polícia Federal que investigava desvio de dinheiro destinado ao combate à Covid.
Rodrigues diz que os garimpeiros fizeram um “trabalho fabuloso” na reserva indígena dos Yanomami. O relator da comissão, Hiran Gonçalves (PP), quando deputado, afirmou certa vez que “a política indigenista” prejudicava o desenvolvimento de Roraima, e que a reserva yanomami “é gigantesca”. Por que não a reduzir?
Completa o trio Mecias de Jesus, autor de projeto para liberar o garimpo em terra indígena. Mecias emplacou o filho, Jhonatan de Jesus, como ministro do Tribunal de Contas da União. Registre-se: com o apoio do PT. Afinal, sem uma ampla base de sustentação no Congresso, nenhum governo governa; essa é a desculpa.
Pacheco, alto e bonito, conhecido também pela alcunha de “Pirilampo”, deve explicações ao distinto público. Pirilampo acende e apaga, acende e apaga, e assim vai levando a vida.