A salvo e de longe, fugitivos de Mossoró acompanham o cerco a eles
Escondidos em cavernas ou em qualquer outra parte do mundo
atualizado
Compartilhar notícia
Em 14 de fevereiro último, dois dias depois da Quarta-Feira de Cinzas, quando Brasília ainda estava vazia de autoridades que aproveitaram o carnaval para descansar porque ninguém é de ferro, um graduado funcionário de plantão no Ministério da Justiça levou um tremendo susto.
Pela televisão, pouco depois do meio-dia, ficou sabendo que dois presos haviam fugido da penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Imediatamente, telefonou para o secretário de segurança estadual e pediu: conte-me tudo.
Os dois presos fugiram pouco depois das 3 horas da manhã. Deibson Nascimento e Rogério Mendonça participaram em setembro de 2023 de uma rebelião no presídio de segurança máxima de Rio Branco, no Acre, onde cinco detentos foram mortos, três deles decapitados.
São membros do PCC, uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil. A fuga só foi descoberta entre 5h30m e 6h daquele dia, e ele, o secretário, avisado em torno das 10h. O secretário agiu rápido, mas levou cerca de duas horas para mobilizar a polícia e dar início à caça.
Apenas 40 quilômetros separam Mossoró da divisa com o Ceará. A pé, em uma caminhada rápida, a distância pode ser percorrida em 8 horas; de carro, 35 minutos. Nos últimos 44 dias, a polícia disse ter recolhido sinais da presença dos fugitivos na área rural de Mossoró. Estariam cercados.
Uma mulher contou que os viu. Uma camisa rasgada encontrada no meio do mato seria de um deles. Os dois talvez estejam escondidos numa das muitas cavernas da região. Um homem jura que foi obrigado a alimentá-los. Um cão policial bem treinado os farejou relativamente perto.
Após 44 dias de uma caçada exaustiva e embalada por mosquitos peçonhentos, as forças de segurança decidiram desmobilizar parte da estrutura montada em Mossoró. A base de operações seguirá sob o comando da Polícia Federal. É o começo do fim da caça ostensiva.