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A Polícia Federal espera que Mauro Cid conte o que ela ainda não sabe

Jogo que segue sem data para acabar

atualizado

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Exército Mauro Cid CPMI do 8 de Janeiro O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), é ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
1 de 1 Exército Mauro Cid CPMI do 8 de Janeiro O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), é ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

No último dia 5 de março, em mensagens trocadas por celular com Fabio Wajngarten, dublê de advogado e assessor de imprensa de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordem do único presidente derrotado ao tentar se reeleger, deixou claro que sabia da ilegalidade do desvio das joias milionárias sauditas.

Sabia que eram bens de interesse público, e que se fizessem parte legalmente do acervo pessoal de Bolsonaro, a União teria direito de preferência para a aquisição no caso de venda. Bolsonaro surrupiou as joias sem mais nem menos, vendeu-as nos Estados Unidos e recomprou-as quando o crime foi descoberto.

Foi Mauro Cid que contou em depoimento à Polícia Federal que sabia da falta de base legal para a operação de venda e recompra das joias? Afinal, ele já falou à polícia mais de 24 horas, e seu advogado diz que colabora com as investigações. Não, não foi ele que contou. Mauro Cid confirmou apenas o que a polícia já sabia.

É verdade que o militar preso desde o início de maio tem cantado como um passarinho que parecia ser mudo. Mas também é verdade que a maioria das coisas que cantou, a Polícia Federal estava cansada de saber. Vai ter que cantar o que ela desconhece se quiser negociar uma delação premiada, o que reduziria sua pena.

Mauro Cid e seu advogado afirmam que a delação premiada está fora de cogitação. Um militar honrado não delata, muito menos o seu superior. Conversa mole! Delata sim, ou pode delatar em troca de menos anos de cadeia. Tanto mais se ele não for o único a ser punido caso escolha permanecer em silêncio.

O pai de Mauro Cid, um general, pagará caro pelo silêncio do filho. A mulher de Mauro Cid, também. Há mensagens golpistas dela no celular do marido. Ela sabia da falsidade do certificado de vacinação contra a Covid-19 que lhe garantiu livre trânsito nos Estados Unidos, afastando o risco de ser recambiada para o Brasil.

Mauro Cid ainda não abriu a guarda para cantar o que a Polícia Federal espera ouvir. A Polícia Federal ainda não abriu a guarda para revelar o que de fato sabe a respeito de Mauro Cid. Jogo que segue, sem data para terminar. Mauro Cid é o maior interessado em que acabe logo. Quer ir para casa nem que seja de tornozeleira.

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