A pergunta que os ministros de Lula ainda não sabem responder
Ficam ou saem?
atualizado
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A palavra que se ouviu ontem à noite durante a ação dos terroristas no centro de Brasília não foi a do ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, Anderson Torres, que jantava tranquilamente no restaurante Francisco, mas a do seu sucessor escolhido por Lula, o senador Flávio Dino (PSB-MA).
A palavra que secundou a de Dino também não foi a do governador Ibaneis Rocha (MDB-DF), mas a do seu Secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo Souza Ferreira. À coluna Grande Angular, do Metrópoles, Ibaneis limitou-se a dizer por telefone: “Vamos reforçar o policiamento e prender os vândalos”.
Dino disse que Lula não corria riscos, embora estivesse em um hotel próximo da área conflagrada. Souza Ferreira não soube dizer se algum terrorista fora preso. Lembrou que os bolsonaristas ocupam uma área vizinha ao QG do Exército, e que prisões, ali, só podem ser feitas de comum acordo com os chefes militares.
Bolsonarista de carteirinha, Anderson Torres foi Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal nos primeiros dois anos do governo Ibaneis. Deverá voltar ao cargo a partir de 1º de janeiro. De lá, poderá continuar servindo a Bolsonaro, que irá morar numa mansão do Lago Sul alugada por seu partido, o PL.
Faltam 19 dias para que Lula assuma a presidência, e o general Júlio César Arruda o comando do Exército. Pergunta que nem Dino, nem o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sabem responder: e os bolsonaristas acampados à porta de QGs do Exército aqui e em outras cidades? Ficarão por lá até quando?
Em 2002, ao se eleger presidente pela primeira vez, Lula morou até tomar posse na Granja do Torto, uma das residências da presidência, cedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Agora, quando está em Brasília, mora em um hotel. Quem mora na Granja do Torto é o ministro Paulo Guedes, da Economia.
Se dependesse de Guedes, ele poderia ter saído de lá, mas depende de Bolsonaro, que não deixa. Em almoço na casa do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, após sua diplomação, Lula observou que, derrotado Bolsonaro, é preciso agora derrotar o bolsonarismo. E chamou de “canalha” o ex-juiz Sérgio Moro.