A mídia em crise (e isso não só tem a ver com a Internet)
Demissões em massa
atualizado
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São várias as razões:
* empresas inchadas e mal administradas (a esmagadora maioria);
* endividamento com base na crença de que se manteria a paridade do real com o dólar;
* investimentos que não deram o retorno esperado – no caso da Internet, praticamente nenhum retorno;
* e falta de crescimento econômico do país ou baixíssimo crescimento.
Diversos setores da indústria brasileira sofreram fortes ajustes nos últimos 10 anos. A mídia está sofrendo o dela de poucos anos para cá. É inevitável que isso ocorra – embora se deplore, e com razão, a demissão de tanta gente.
Alguns grupos de mídias desaparecerão ou serão comprados por outros. Os que restarem poderão ficar mais fortes e mais profissionais – a ver.
No momento do ajuste brabo, cairá muito a qualidade do conteúdo oferecido ao distinto público. Mais adiante, e se a retomada do crescimento econômico do país não for uma bolha, se tentará resgatar a qualidade perdida.
O futuro da mídia no Brasil tem mais a cara do empresário Nelson Tanure, dono do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, do que a cara dos Marinho, dos Mesquitas, dos Frias e dos Civitas.
O jornalismo será tratado como um negócio igual a qualquer outro – sem essa de função social, de compromisso com os superiores valores cultivados pela sociedade, etc e tal.
Ao tentar montar uma rede de jornais e eventualmente de outros veículos de comunicação, Tanure procede como lá fora procedem os empresários da área.
Ao forçar a sinergia entre veículos que controla mesmo que à custa do emprego de tanta gente e do empobrecimento do conteúdo, Tanure segue a cartilha universalmente seguida pela mídia neste momento – e nada sugere que ela possa ser reescrita tão cedo, se é que um dia o será.
(Publicado aqui em 28 de agosto de 2004)