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A linha vermelha traçada pelos EUA para Israel sempre muda de lugar

Biden arruma a Casa Branca para devolvê-la a Trump

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Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images
Ataque de Israel a acampamento de refugiados em Rafah
1 de 1 Ataque de Israel a acampamento de refugiados em Rafah - Foto: Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images

Para Israel, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi “um erro trágico” das Forças de Defesa do país o ataque aéreo a um acampamento perto da cidade de Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, que matou pelo menos 45 palestinos no último domingo (26/5), ferindo mais de 80. O incêndio provocado reduziu a cinzas uma dezena deles.

Mas para o governo dos Estados Unidos, o ataque não constituiu uma operação militar capaz de cruzar qualquer linha vermelha traçada por ele para Israel. A linha vermelha fica sempre adiante de qualquer ação de Israel reputada como criminosa e inaceitável pela comunidade internacional. O maior aliado de Israel não liga para isso.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, afirmou que os Estados Unidos não estão a “fechar os olhos” à situação dos civis palestinos: “Israel disse que foi um erro trágico e que está sendo investigado”. Por ora, é o que basta para o governo assaz tolerante do presidente Joe Biden.

Perguntado sobre a presença, ontem (28/5), de tanques israelenses em Rafah, Kirby respondeu: “Não os vimos entrar com grandes unidades, grande número de tropas, em colunas e formações, numa espécie de manobra coordenada contra múltiplos alvos no terreno. Foi um ataque de âmbito limitado”. Tudo bem, então. Avante!

A fala de Kirby se deu horas antes de o Ministério da Saúde de Gaza anunciar que 21 pessoas foram mortas por Israel em um campo de deslocados palestinos na parte ocidental de Rafah, ontem, e que 64 ficaram feridas. Esse campo está em uma área considerada “segura” pelas Forças de Defesa de Israel. Ali, os palestinos deveriam se abrigar.

Uma avaliação interna da ONU, enviada a governos de todo o mundo, estima que, mais de oito meses depois do início da guerra em Gaza, há uma “escala sem precedentes de destruição e perda de vidas de civis”. Informa a ONU:

Mais de 5% por cento da população de Gaza foi morta, ferida ou está desaparecida;

Pelo menos 3.000 mulheres ficaram viúvas;

* Pelo menos 10 mil crianças ficaram órfãs;

Mais de 17 mil crianças estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias;

Mais de 1 milhão de pessoas perderam suas casas, quase metade da população de Gaza.

De acordo com a ONU, as crianças enfrentam situações cada vez mais perigosas para tentar encontrar alimentos, água e madeira. Os riscos associados à violência de gênero aumentaram, com oportunidades limitadas para os sobreviventes dessas agressões obterem apoio.

Há várias indicações de “um aumento extremamente preocupante de detenções em massa e arbitrárias”, com “sérias preocupações de detenções incomunicáveis e desaparecimentos forçados”. No total, 36 mil palestinos morreram até aqui, e 81 mil se feriram.

É o horror, horror, que a maior potência do planeta, a única capaz de parar a guerra, finge não ver. Biden cava sua sepultura a seis meses das eleições que poderão devolver a Casa Branca a Donald Trump.

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