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A batalha das praias ensina como derrotar o bolsonarismo nas redes

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1 de 1 Imagem colorida mostra pessoas em praia do Rio de Janeiro - Metrópoles - Foto: Aline Massuca/ Metrópoles

Há lições a tirar da discussão em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo senador Flávio Bolsonaro que transfere da União para proprietários privados os terrenos situados na orla marítima sob a supervisão de estados e municípios.

A proposta fora aprovada às escondidas na Câmara sem que o distinto público se desse conta – mais uma brilhante realização do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, que em fevereiro próximo tentará fazer seu sucessor, para desassossego do governo Lula.

Foi tamanho o barulho provocado com a descoberta do que poderia acontecer que Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também conhecido como “Pirilampo”, porque ora pisca para a direita, ora para a esquerda, decidiu pôr um pé no freio.

Pacheco diz que a votação no Senado da PEC das praias “não será pautada da noite para o dia”. O que isso significa? Significa que enquanto o assunto despertar o interesse do distinto público, a PEC, fingindo-se de morta, repousará em uma das gavetas do Senado.

É por isso que todo o cuidado é pouco. Pacheco não é confiável. E como aspira ser candidato ao governo de Minas Gerais daqui a dois anos, está interessado em conquistar votos à direita e à esquerda. Não poderá dispensar o voto dos bolsonaristas para se eleger.

A PEC das praias é um projeto da extrema-direita bolsonarista. Não porque seja defendido pelo senador Flávio (PL-RJ), mas porque o pai do projeto não é nada mais e nada menos do que Jair Bolsonaro, obcecado pela ideia desde quando era deputado federal.

O faro de Bolsonaro para negócios que possam render muito dinheiro é apuradíssimo, e ele não o disfarça. Seu sonho de consumo é transformar Angra dos Reis, município do estado de Rio de Janeiro composto por 365 ilhas, numa espécie de Cancún do Brasil.

Cancún é um dos centros turísticos mais importantes do México com seus 22 quilômetros de praias divididos entre a lagoa e o mar e milhares de hotéis. No mundo novo de Bolsonaro e de sua família, o litoral brasileiro seria pontilhado de dezenas de Cancúns.

Se elas viessem a prejudicar a preservação do meio ambiente, ainda assim seria para o bem de todos porque o turismo movimenta fortunas. Se elas dificultassem o acesso às praias dos brasileiros mais pobres, paciência… Seria o preço a pagar pelos benefícios.

De nada adiantou até aqui o Zero Um esgoelar-se em proclamar:

“Não tenho interesse pessoal nisso, não sou proprietário de área beneficiada, não estou levando dinheiro do Neymar nem do empreendimento que ele fará”.

Ou esgoelar-se em repetir:

“A PEC não tem nada de agressivo às praias. Todo mundo gosta de ir a um resort em Cancún, em Miami, na Espanha, na Grécia. Queremos fazer um troço pequeno no Brasil para tentar estimular empreendimentos. […] Infelizmente, para fazer empreendimento em Angra, Salvador, qualquer lugar de Alagoas, seguirá existindo toda uma burocracia ambiental”.

Algumas lições a tirar da batalha perdida pelo bolsonarismo nas redes sociais e fora delas.

A primeira: você não precisa ser um ativista político de carteirinha para derrotar o bolsonarismo. Melhor até que não seja. Foi uma postagem dos mergulhadores Rodrigo Thomé e Rodrigo Cebrian que associou a PEC à privatização das praias.

Segunda lição: aponte os defeitos da ideia que você combate e mostre como eles repercutiriam na vida comum da maioria das pessoas, fazendo-lhes mal. Nada de citar direita e esquerda, Bolsonaro e Lula. Pode citar Neymar, como fez a atriz Luana Piovani,

Terceira lição: deixe as religiões de fora de suas mensagens, a não ser que elas se destinem a um público específico. Os deuses, ou os que se disseram seus representantes na Terra, nada têm a ver com as nossas rixas de cada dia. Que assim seja.

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