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A aniquilação moral de Moro não redime moralmente os corruptos

Ela pode ser vista como uma espécie de mea-culpa da Justiça, que falhou e levou muito tempo para se corrigir

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Roque de Sá/Agência Senado
Sergio Moro usa o computador durante participação em comissão do Senado -- Metrópoles
1 de 1 Sergio Moro usa o computador durante participação em comissão do Senado -- Metrópoles - Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Quem acerta ou erra por último é o Supremo Tribunal Federal, diz a Constituição. E como acima dela nada existe, salvo Deus que só observa, caberá ao Supremo decidir o futuro de Sergio Moro, o juiz da Lava Jato que despiu a toga para vestir a camisa de ministro da Justiça de Bolsonaro, o ex-presidente à espera de ser preso.

Para Lula, “só vai estar tudo bem” quando ele “foder esse Moro”; foi o que disse. Não é só Lula que quer isso, mas todos os que Moro fodeu ou tentou foder quando esteve à frente da mais aclamada operação de combate à corrupção que o mundo conheceu neste início de século – além daqueles que escaparam de ser fodidos por ele.

Em dezembro último, a pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro Dias Toffoli abriu inquérito no Supremo contra Moro e alguns procuradores da Lava Jato, acusados por um ex-deputado estadual paranaense de tê-lo obrigado a atuar como uma espécie de “agente infiltrado” para grampear políticos e empresários.

É uma história cabeluda e repleta de provas e evidências de que Moro e sua gangue mandaram as leis às favas para alcançar seus objetivos perversos. Além de cabeluda, é chocante porque os encarregados de fazer justiça foram flagrados fazendo justamente o contrário. Não foi a primeira vez nem será a última; tanto pior.

Quer-se imputar ao Supremo a culpa pelo desmoronamento da Lava Jato desde que ele, entre abril e junho de 2021, decidiu que Moro estava inabilitado para julgar Lula, e que se comportou como um juiz parcial. Ora, a Lava Jato desmoronou porque de fato Lula não poderia ter sido julgado por Moro, e porque Moro foi um juiz parcial. Simples.

Se com base na decisão do Supremo que beneficiou Lula, agora políticos e empresários recorrem das punições que sofreram, de novo a culpa não é da mais alta Corte de justiça do país, mas de Moro e seus asseclas. A prisão de Lula foi “um dos maiores erros judiciários da história”, fruto de uma “armação” da Lava Jato, segundo Toffoli.

Os operadores da Lava Jato tinham um “projeto de poder”, de “conquista do Estado”, chocando o “ovo da serpente dos ataques à democracia”, escreveu Toffoli. Isso significa que não houve corrupção e que tudo não passou de um ledo engano? Não. Significa que a Lava Jato foi conduzida de maneira errada. E quem a conduziu?

A aniquilação moral de Moro e da Lava Jato não implica nem implicará na redenção moral dos que se meteram em falcatruas, confessaram-nas, foram presos e devolveram dinheiro. Ela deve ser vista como uma espécie de mea-culpa da Justiça que falhou e levou muito tempo para se corrigir. Que aprenda a lição.

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