Quadro que escapou da fúria bolsonarista prestes a voltar ao Planalto
“Os orixás”, de Djanira, exposto no Museu da República, escapou do vandalismo de bolsonaristas, no 8 de janeiro, que não a identificaram
atualizado
Compartilhar notícia
O quadro “Orixás”, da artista Djanira e que retrata três divindades africanas, tendo ao lado duas filhas de santo, está prestes a voltar aos salões do Palácio do Planalto. Ficou exposta lá de 2010 a dezembro de 2019.
A obra foi retirada de um espaço privilegiado do palácio após a chegada de Jair Bolsonaro. Pura intolerância religiosa. A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, teria implicado com o quadro, cujo tamanho é de 3,6 metros de largura por 1,1 metro de altura.
De certo modo, a família Bolsonaro fez um favor à arte e a cultura desse país. Se fosse mantida naquele lugar, teria sido destruída pelos bolsonaristas no 8 de janeiro, como fizeram com “As mulatas”, de Di Cavalcanti.
O que não se sabe é que a obra de Djanira, ainda assim, escapou por pouco da fúria dos bolsonaristas. Foi salvo, outra vez, pela ignorância desses seguidores do ex-presidente.
O que houve é que o quadro integra a “Exposição Brasil Futuro: as formas da democracia”, uma iniciativa da primeira-dama, Janja Lula da Silva. Ficou Museu Nacional da República, que fica na Esplanada, em Brasília, ao lado da catedral, e se iniciou em 1º de janeiro, na posse de Lula.
Um grupo de bolsonaristas chegou a entrar na exposição, se incomodou com algumas imagens, mas não identificaram “Os orixás”. Se não, teria sido um desastre.
“Eles passaram batido, não identificaram e não reconheceram o quadro. Fomos protegidos pela ignorância desse pessoal. Assim como na retirada de circulação do quadro, no Planalto, uma decisão de um governo de extrema direita. Um aspecto ideológico perseguindo religiões de matriz africana. Um ato de ódio e de profundo desrespeito” – diz Rafa Reche, coordenador de produção da exposição.
Reche estava naquele domingo na exposição e testemunhou o que ocorreu.
“A sorte é que não era um grupo muito grande. Entraram rápido, reclamaram de uma ou outra coisa e depois saíram” – conta.
A exposição é cheia de imagens grandes de Lula, mais ao fundo do salão do museu, e não foram visto pela turma bolsonarista.
“Entraram no museu, fizeram várias ameaças, ao segurança. Por muita sorte, as obras se mantiveram intactas. Nenhum problema nem com as obras nem com a nossa equipe”.
O quadro “Orixás” foi exposto mesmo com o pequeno furo que apareceu na barra de Oxum – uma das representações na obra -, quando deixou o Planalto. O surgimento desse detalhe é um mistério e já chegou às mãos do atual governo nesse estado.
Antes de o quadro voltar ao Planalto, irá rodar o país com a exposição, que será itinerante. Abaixo, o vídeo sobre a exposição.