PF investiga Abin e gabinete do ódio; plataformas ignoram fake news
Discussão é urgente para a democracia
atualizado
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A bomba da manhã desta segunda-feira (29) foi a operação “Vigilância Aproximada” executar buscas e apreensões em endereços ligados ao vereador Carlos Bolsonaro. Um dos desdobramentos da ação é investigar uma possível relação entre o parlamentar carioca, a “Abin paralela” e o gabinete do ódio – a máquina de desinformação bolsonarista. Independentemente dos resultados, há uma certeza, as big techs pouco farão para combater as fake news até as próximas eleições municipais.
Se comprovado, o esquema é aterrorizante. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e homem de confiança de Jair Bolsonaro, teria investigado ilegalmente milhares de adversários do governo anterior. Algumas espionagens seriam pedidos de informações para proteger os filhos do ex-presidente.
A PF averigua a suspeita de que Carlos Bolsonaro pediu relatórios para os arapongas bolsonaristas para se munir de informações de adversários e disseminá-las nas redes sociais, pelo conhecido gabinete do ódio. É a engrenagem perfeita do totalitarismo 3.0.
Todo esse possível esquema, entretanto, não sensibilizará o combate das plataformas e buscadores digitais contra a desinformação. Recentemente, o Whatsapp e o Twitter, atual X, lançaram recursos que ampliam a possibilidade de viralizar conteúdos, sem checagem – em movimento contrário ao solicitado por governos e especialistas.
No Whatsapp, por exemplo, os canais e as comunidades podem fazer que uma notícia chegue a 5 mil pessoas. 99% dos celulares do país tem instalado o aplicativo.
Soma-se à ausência de combate às fake news, a falta de transparência dessas empresas. A revista Piauí denunciou uma série de irregularidades na expansão do Kwai e nos posts nas eleições de 2022. A pergunta serve para todas as empresas? Como é feito o monitoramento do conteúdo postado nas redes sociais? Qual o critério exatamente?
Em audiência pública realizada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na semana passada representantes do Facebook defenderam que seja da responsabilidade de candidatos, partidos, coligações ou federações verificar se a proibição de impulsionamento de postagens 48 horas antes e até 24 horas depois da eleição municipal é respeitada. O monitoramento é do usuário, o lucro da empresa.
É muito dinheiro. Segundo levantamento nas últimas eleições as plataformas arrecadaram R$ 375 milhões com postagens impulsionadas, de acordo com as prestações de contas enviadas à Justiça Eleitoral.
Falar em regulamentação é um atentado às liberdades individuais e das empresas privadas. Mas sem essas discussões, o atentado é contra a democracia.