metropoles.com

Pela Universal, governo Bolsonaro ameaça ir a tribunal internacional

Problemas enfrentados por bispo brasileiro com Justiça em Angola mobilizam diplomatas, que falam até em risco da relação bilateral

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O esforço diplomático e político do governo Bolsonaro a favor da Igreja Universal do Reino de Deus, que enfrenta problemas em Angola, onde algumas lideranças são alvo de uma série de acusações, envolve ações diversas e até ameaça de recorrer a tribunais internacionais.

Num momento em que o presidente Jair Bolsonaro tenta segurar o eleitorado evangélico, o governo brasileiro segue no forte auxílio a integrantes da igreja naquele país. Troca recente de telegramas entre diplomatas brasileiros de Brasília e Luanda, a capital, obtidos pelo Blog do Noblat, revela o empenho do Itamaraty no auxílio a lideranças dessa igreja.

A situação do bispo Honorilton Gonçalves, por exemplo, preocupa as autoridades brasileiras. Um dos mais próximos do líder Edir Macedo, o bispo Gonçalves é acusado e investigado em Angola por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Um dos telegramas, de meados de novembro, aponta a preocupação com sua situação. A correspondência informava sobre uma audiência em um tribunal onde o religioso seria ouvido, passada a fase de investigação e denúncia pelo Ministério Público. O bispo foi ouvido durante três dias, a partir do último dia 18.

“O risco de prisão ainda existe, mas já não como sentença definitiva e, sim, como medida cautelar privativa de liberdade” – alertava o telegrama, que é o canal de comunicação entre embaixadas e consulados com o Ministério das Relações Exteriores.

Um dos diplomatas, então, sugere a consulta a um jurista independente. E chega a falar da necessidade de demonstrar às autoridades angolanas os impactos na relação bilateral entre os dois países.

“Caso o jurista independente corrobore as denúncias de atropelos processuais flagrantes e o esgotamento dos recursos internos, o curso de ação seguinte seria iniciar conversações informais com as autoridades do governo angolano, em Brasília e Luanda, nas quais demonstraríamos nossa preocupação com o assunto e os impactos sobre uma relação bilateral que dá sinais de fortalecimento (superado entrave recente), e faríamos apelo a um retorno a maior rigor processual que assegure o direito de defesa”.

Num dos trechos, a diplomacia brasileira entende que Angola dificulta o direito do bispo Gonçalves em sair do país, “que está sendo indevidamente negado”. O prazo legal de impedimento já teria expirado há um ano, desde meados de novembro. Na sequência, o Itamaraty ameaça uma reclamação formal contra Angola em tribunais internacionais.

“Seria uma reclamação formal conforme estipulam os tratados e convenções internacionais, tanto na Comissão de Direito Internacional quanto na Corte Internacional de Justiça”. Essas cortes estão no escopo das Organizações das Nações Unidas (ONU).

No final, a diplomacia brasileira entende que se não forem detectados “vícios flagrantes ou graves” por parte do Estado angolano ou não se confirmem as denúncias de “cerceamento de sua defesa”, a ação da embaixada brasileira em Angola “seguirá sendo a continuada assistência consular”.

Edir Macedo pediu a interferência de Jair Bolsonaro, que determinou empenho do Itamaraty e até o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, esteve em Luanda e tratou desse assunto com autoridades locais.

Bolsonaro chegou a enviar uma carta ao presidente João Lourenço pedindo “tratamento adequado”. Em julho, Mourão se reuniu com Lourenço em Luanda e teria tratado do assunto, sem sucesso.

“Tudo será esclarecido. Não sou criminoso”, diz bispo Gonçalves

A fase de depoimento começou no dia 18 e Honorilton Gonçalves, que é réu, já compareceu três vezes ao tribunal. Em vídeos postados em suas redes sociais nos últimos dias, o bispo garantiu que tudo será esclarecido e relatou a situação.

“Foram sete horas (no primeiro dia) sentado, olhando para a frente, não pode cruzar as pernas, olhando para a frente. Nenhum gesto” – relatou o bispo.

O bispo evita falar das acusações que pesam contra ele nesses vídeos e cita passagens bíblicas.

“As tribulações (situações adversas) produzem perseverança e esperança. Nesse momento você que passa por uma tribulação sabe que está abençoado e que tudo vai passar. Temos que aprender a viver firme e na fé”.

“Quantas pessoas estão passando por uma situação pior que a nossa. Gente querendo morrer”.

Ele relata que, num momento no tribunal, um deputado angolano o ofendeu e ameaçou dar-lhe bofetadas.

“Não sou criminoso. Desculpo o deputado”

Entenda o caso

Quatro líderes da Igreja Universal foram acusados e indiciados pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Um deles é um bispo angolano e outros três são brasileiros, incluído Gonçalves.

Os angolanos que integravam a Universal no país romperam com o grupo de Macedo. Os brasileiros foram acusados de crimes como racismo, fraudes, evasão de divisas, entre outros. O bispo Gonçalves era o principal líder brasileiro da Universal no país.

A Igreja Universal já se manifestou sobre o caso e afirmou se tratar de um “golpe religioso”. Os dirigentes angolanos da igreja são apontados como “ex-pastores” e dissidentes envolvidos em denúncias de “roubo, adultério e extorsão”, entre outras acusações.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?