Passo a passo da tentativa bolsonarista de golpe de Estado
Plano para impedir a posse de Lula envolveu Bolsonaro, seus ministros, militares e apoiadores
atualizado
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O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo da decisão que determinou a prisão de cinco suspeitos de articular um golpe de Estado. Se tivesse sido bem-sucedido, o golpe envolveria o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
05/07/2022
O presidente Jair Bolsonaro (PL) reúne-se com assessores e ministros para articular uma reação à possível vitória de Lula nas eleições dali a três meses.
“Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado. Eu parei de falar em voto [impresso] e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que… eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes”, diz ele.
O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, também defende um golpe: “O que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”.
A gravação da reunião foi encontrada no computador apreendido na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Veja aqui:
30/10/2022
Na noite em que Bolsonaro é derrotado nas urnas, caminhoneiros fecham estradas em todas as regiões do país pedindo intervenção federal. O número de bloqueios é de 421. Bolsonaro leva quase 72 horas para pedir a liberação das estradas.
09/11/2022
Segundo a Polícia Federal, o plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes é impresso no Palácio do Planalto pelo general da reserva Mário Fernandes e levado ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. Fernandes atuou como chefe substituto do Ministro Secretaria-Geral da Presidência da República entre 19 de outubro de 2020 a 01 de janeiro de 2023.
28/11/2022
Uma carta, assinada por 37 militares, pressionando o comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes a aderir a um golpe de Estado, circula em grupos de WhatsApp. Trecho do documento:
“Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um soldado. Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão”.
07/12/2022
Bolsonaro reúne-se com o comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes e mostra uma minuta do golpe que decretaria Estado de Defesa e criaria uma comissão para rever o processo eleitoral.
08/12/2022
Em mensagens interceptadas pela Polícia Federal, o general da reserva Mário Fernandes afirma ter-se encontrado com Bolsonaro e ouvido dele que “qualquer ação” golpista só poderá ser realizada até o dia 31 de dezembro.
09/12/2022
Relatório da Polícia Federal aponta que Bolsonaro reuniu-se com o Comandante de Operações Terrestres do Exército, general Estevam Cals Theofilo, para organizar o apoio militar ao golpe.
12/12/2022
Apoiadores de Bolsonaro, acampados à porta do QG do Exército, depredam a sede da Polícia Federal, em Brasília, poucas horas depois de Lula ter sido diplomado no Tribunal Superior Eleitoral. Os vândalos ateiam fogo em sete veículos e jogam pedras em policiais.
15/12/2022
O plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes é abortado. Os militares encarregados de matar Alexandre de Moraes estavam próximos à casa dele.
24/12/2022
Três homens, antes acampados à porta do QG do Exército, põem uma bomba em um caminhão-tanque com rumo ao aeroporto de Brasília. O motorista percebe o “objeto estranho” e aciona a Polícia Militar. Os autores do atentado frustrado, o empresário George Washington e os blogueiros bolsonaristas Wellington Macedo e Alan Diego, pretendiam explodir parte do aeroporto.
08/01/2023
Apoiadores de Bolsonaro acampados em Brasília invadem e destroem parte do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF.