Palavrões dominam início da Câmara, o mais desbocado dos últimos anos
Bolsonaristas abusam nos discursos e ataques e ofendem colegas, seja no plenário ou nas comissões
atualizado
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Aconteceu ontem, de novo. Um parlamentar, e novamente um bolsonarista, utilizou os microfones da Câmara para disparar palavrões e xingamentos. Dessa vez, a cena se deu na tribuna da Câmara.
O até agora comedido Luiz Lima (PL-RJ), um ex-atleta de natação do Fluminense e que disputou até Olimpíadas, perdeu a linha e disparou ofensas: disse que Alexandre de Moraes “tá de sacanagem, p****a”, se referiu às autoridades que o desagradam como “uns belos de uns vagabundos, uns ladrões” e encerrou chamando Arthur Lira de “boneco de posto, p***a”.
Nas notas taquigráficas, esses palavrões foram vetados e substituídos quatro vezes por “expressão retirada por determinação da Presidência”.
Como este blog tem demonstrado, essas intervenções contra a falta de decoro nas falas dos deputados têm sido constante. A razão é o radicalismo político a que o país chegou, mas é os xingamentos são quase uma exclusividade do lado bolsonarista.
Recentemente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) partiu para cima do petista Marcon (RS), após uma discussão numa comissão. O filho do presidente foi para cima do colega com e o xingou de “filho da p.”, “veado” e “vai tomar no c*”. Expressões que até apareceram nas notas, mas foram substituídas depois por um artigo do regimento que veda ofensas dessa natureza.
Antes, em meados de abril, outra bolsonarista, Carla Zambelli (PL-SP), ofendeu Duarte Junior (PSB-MA), durante audiência pública com o ministro Flávio Dino (Justiça): “vai tomar no c*”, disse a deputada. O xingamento, novamente, foi vetado nas notas com o argumento de que o regimento não permite a publicação de pronunciamento ou expressões atentatórias do decoro parlamentar”.
O bolsonarismo na oposição transformou esse início de legislatura no mais “desbocado” dos últimos anos.