Pacheco desiste de candidatura que nunca, em tempo algum, existiu
O dia que o presidente do Senado mais se dedicou a falar sobre concorrer ao Planalto foi ontem, no discurso que anunciou sua “renúncia”
atualizado
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Nada mais natimorta do que a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência da República. Curtiu esse gostinho por um tempo no noticiário. Exatos quatro meses – desde que foi anunciado candidato – e 16 dias. Foi o tempo que ficou no sereno como pré-candidato, sem nunca se convencer a si próprio disso. Desistiu oficialmente ontem.
Pacheco não demonstrou empolgação com essa possibilidade. Não aparecia, não falava de planos para o país. Nunca fez questão de se apresentar pré-candidato. Se todas suas palavras são medidas, pensadas, milimetricamente articuladas é de se imaginar então seus gestos e decisões de monta, como ser ou não candidato ao Palácio do Planalto.
Outro ponto: Pacheco parece nunca ter se incomodado com o quase traço nas pesquisas eleitorais e nunca pareceu fazer esforço para alterar esse quadro, por mais improvável que seja.
E não espanta que ontem – seu discurso de “renúncia” à candidatura – foi o dia que mais se dedicou a tratar de sua candidatura. Não mais candidatura. No discurso, de quase dez minutos, verbalizou 676 palavras.
Argumentou não ter como tocar ao mesmo tempo sua missão de presidente do Senado com uma candidatura ao Planalto. Agradeceu a todos que, com ele, compartilharam “desse sonho”. Desconfio que sequer tenha sonhado.
Deixou a porta aberta para, quem sabe no futuro, concorra de fato a presidente.
“Sou jovem, tenho muito trabalho ainda a prestar ao país e à vida pública”.