metropoles.com

O relatório oficial que acaba com a Comissão de Mortos pela ditadura

Documento tem 116 páginas, lista casos aprovados e rejeitados, mas dá como certo que todos integrantes irão aprová-lo, o que não é verdade

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/Metrópoles
Presidente da República, Jair Bolsonaro, concede coletiva sobre combustíveis no palacio planalto 1
1 de 1 Presidente da República, Jair Bolsonaro, concede coletiva sobre combustíveis no palacio planalto 1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Criada em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos pela ditadura tem data para acabar: no próximo dia 28 de junho, daqui a 15 dias.

O governo Bolsonaro, que exalta a ditadura e cultua torturadores, quer encerrar os trabalhos desse colegiado que deveria ir a fundo nas investigações sobre as vítimas do regime e se esforçar para a localização dos desaparecidos pelo regime e as circunstâncias que morreram. Mas, não.

Num relatório de 116 páginas, o atual presidente da comissão, Marco Vinicius Carvalho, pegou parte do colegiado de surpresa e anuncia que a próxima reunião será a última e para votar o texto final.

A Comissão de Mortos e Desaparecidos não se reúne há mais de um ano. Há  muitas pendências pela frente, mas todas ignoradas pelo presidente, um amigo de Damares Alves, que, por exemplo, teve no lançamento da candidatura da ex-ministra para senadora no Distrito Federal.

No relatório, o presidente tenta demonstrar que a comissão, nesses 27 anos, gastou muito dinheiro e mostrou pouca efetividade. Ele faz esse tipo de relação e fez questão de atualizar os valores desembolsados até hoje com indenizações, buscas de restos mortais de desaparecidos e reuniões e encontros de familiares das vítimas da ditadura.

O gasto total da comissão, segundo esse relatório, foi de R$ 59,6 milhões, mas corrigido até janeiro deste ano, este volume de recursos empregados foi de R$ 319,2 milhões.

Carvalho diz que enviará o relatório final a Jair Bolsonaro, que dará a palavra final e, claro, a favor de encerrar os trabalhos da comissão. E lembra que o encerramento da comissão está prevista na própria lei que a criou.

“Finda a apreciação dos requerimentos, a Comissão Especial elaborará relatório circunstanciado, que encaminhará, para publicação, ao Presidente da República, e encerrará seus trabalhos”.

Ou seja: Bolsonaro terá o “sabor” de anunciar o fim da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. Ele, fã declarado de Brilhante Ustra, que já declarou que o erro do regime militar foi ter eliminado tão poucos oponentes e defende intervenção no STF, vai encerrar os trabalhos da comissão.

Dos sete integrantes da comissão, o presidente tem a maioria. Ele e mais três integrantes garantem a maioria dos quatro votos. Esses outros são os militares Weslei Maretti e Vital Lima dos Santos, além do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), um bolsonarista de carteirinha.

Do outro lado, contrário ao encerramento dos trabalhos estão Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, morto pela ditadura e cujo corpo jamais foi encontrado, e Diva Santana, irmão da militante comunista Dinaelza Santana, que atuou na Guerrilha do Araguaia e documentos oficiais demonstram que foi executada pelos militares. Seu corpo nunca foi encontrado.

O sétimo integrante da comissão é o procurador Ivan Cláudio Marx.

Um detalhe chama a atenção no relatório. O presidente da comissão insere os nomes dos sete como subscritores do relatório, o que não é certo.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?