O Partido Republicano é o Partido de Trump (Por Alexandre Martins)
Eleição de Trump em 2024 põe em risco as instituições democráticas norte-americanas
atualizado
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Entrevista com Ross Burkhart, professor de Ciência Política na Universidade de Boise, no estado norte-americano do Idaho, e especialista em processos de democratização.
Segundo as sondagens, Donald Trump é o grande favorito a ser o candidato do Partido Republicano na eleição presidencial de 2024. A mais recente acusação contra ele, que implica uma ameaça à democracia nos EUA, pode prejudicá-lo nas bases do partido?
Duvido de que a acusação sobre a invasão do Capitólio afecte a popularidade de Trump no Partido Republicano. Ele lidera as sondagens no seu partido com uma diferença muito grande, e as acusações judiciais não têm feito nada para alterar isso. Na realidade, ele aproveita-se dessas acusações para angariar fundos, que depois são usados para pagar as custas judiciais. Trump é muito eficaz a fazer o papel de vítima, e os seus apoiantes acreditam que ele é uma espécie de salvador num mundo que os ignora e menospreza. […] Num cenário com muitos candidatos, Trump tem a maioria do apoio entre os republicanos que estão decididos a votar, algo extraordinário num partido que está fora da Casa Branca. Podemos mesmo afirmar que o apoio dos republicanos a Trump é inabalável.
Trump tem boas hipóteses de vencer a eleição em 2024? E se isso acontecer, qual será o futuro da política nos EUA e do famoso sistema de freios e contrapesos?
Não tenho dúvidas sobre isso, Trump tem mesmo uma boa hipótese de ser eleito. Biden é ligeiramente favorito, mas 15 meses são uma eternidade em política, e vão acontecer muitas coisas até ao dia da eleição, a 5 de novembro de 2024. […] Quanto ao que acontecerá no caso de Trump vencer a eleição, isso vai depender muito do partido que alcançar a maioria no Congresso em 2024. No caso do Senado, o cenário é mais favorável aos republicanos, mas na Câmara dos Representantes está tudo em aberto. Se os republicanos vencerem a eleição presidencial e as eleições para o Congresso, é muito provável que Trump tente consolidar ainda mais poder nas mãos do executivo, com a provável anuência do Congresso. Isso pode traduzir-se num despedimento em massa de funcionários públicos, que seriam substituídos por pessoas leais a Trump; num corte nas funções mais importantes, como no Departamento de Justiça e no Departamento de Estado; num recuo dos EUA no plano internacional; e numa agenda económica proteccionista, entre outras coisas.
Leia a íntegra da entrevista no jornal PÚBLICO