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O movimento de extrema direita que se aproxima do PDT, de olho em 2026

Nova Resistência é inspirado num filósofo russo que seria guru de Putin e, no Brasil, tem interlocução com pedetistas, como Aldo Rebelo

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Nova Resistência
1 de 1 Nova Resistência - Foto: Reprodução

Um movimento de extrema direita batizado de Nova Resistência começa a despontar no Brasil e busca adesão e apoio no meio político. O partido político escolhido para se aproximarem foi o PDT,  aproveitando a bandeira nacionalista que marca a história da legenda e de seus filiados.

No Brasil, esse grupo já está nas redes sociais e seus seguidores  já fazem até interlocução com políticos brasileiros. O Nova Resistência tem sua inspiração nas ideias de cientista político e filósofo russo Alexándr Dúgin, tido como o guru de Vladimir Putin, e apontado como um ideólogo de um nacionalismo que beira o fascismo.

O movimento aproveitou uma “brecha” para se aproximar do PDT: o discurso nacionalista de alguns de seus líderes e até mesmo do presidenciável Ciro Gomes. Não que o candidato endosse suas teses. Ciro até já declarou que se tiver gente com esses pensamentos no partido será expurgado. Mas seu nome tem sido usado por eles.

O grupo mantém uma página nas redes e, por exemplo, postaram ontem, com exaltação, o manifesto lido por Ciro Gomes condenando o voto útil em Lula e anunciando que mantém sua candidatura.

“Ciro acordou! Que não durma de novo” – era o título da nota. O Nova Resistência já o projeta como seu nome para 2026.

“Ciro Gomes acordou para uma série de problemas políticos fundamentais. Muito tarde para essas eleições? Sim, mas antes tarde do que nunca e a disputa por 2026 já começou” – diz o texto, assinado pelo advogado Raphael Machado, um dos nomes de frente do movimento no país.

Nesse site, o Nova Resistência se apresenta como uma “organização política de orientação nacional-revolucionária, composta por distributistas, tradicionalistas e nacionalistas de diversas vertentes”.

O movimento se sustenta nos preceitos da “Quarta Teoria Política”, de Dúgin. Segundo eles, é a teoria que supera ideologias políticas modernas, como liberalismo, comunismo e fascismo e seus elementos deletérios.

“O objetivo fundamental da Nova Resistência é recrutar e treinar uma nova classe de soldados políticos capazes de ocupar espaços nas universidades, nos sindicatos, nas forças armadas, em centros culturais e todo o resto, de modo a aglutinar a maior base popular possível” – argumentam.

No PDT, o movimento ganhou a simpatia do ex-ministro Aldo Rebelo, conhecido por suas posturas nacionalistas e proximidade com os militares. Aldo é candidato a senador por São Paulo, pelo PDT. O ex-ministro concedeu recentemente uma entrevista ao pessoal do Nova Resistência.

Aldo enalteceu o esforço do movimento em ajudar a construir um “pensamento nacionalista” e falou da dificuldade de se firmar uma “centralidade da questão nacional”. O ex-ministro se mostrou alinhado com o grupo e suas ideias, criticou pensamentos identitários – próprios da esquerda – e também os conservadores.

“O que eu quero é enaltecer, exaltar, reconhecer, o esforço que a Nova Resistência faz no conhecimento do nosso país: em ajudar a construir um pensamento nacionalista. Eu creio que a dificuldade do nacionalismo hoje, no Brasil, da luta para reafirmar a centralidade da questão nacional é exatamente a baixa densidade do pensamento nacionalista no Brasil” – disse Aldo Rebelo.

Ex-ministro da Defesa no governo Dilma Rousseff, Aldo tem bom trânsito com os militares até hoje. Recentemente, numa audiência pública na Câmara dos Deputados neste ano, o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, rasgou elogios a Aldo, do nada. O citou como exemplo de um patriota exemplar. Aldo lançou agora o livro “O Quinto Movimento”, título que se assemelha a teoria de Dúgin, onde explica sua origem nacionalista.

Patriota. Este é um conceito de direita que o Nova Resistência gosta. Outro nome da política que o movimento se aproximou foi de Robinson Farinazzo, um ex-oficial da Marinha, candidato a deputado estadual em São Paulo, também pelo PDT.

Nas suas redes, Farinazzo se mostra alinhado até com a extrema-direita. Nesta semana, ele celebrou a vitória desses extremistas na Itália. Ele postou uma foto da líder Georgia Meloni, e escreveu:

“Santo empoderamento feminino, Batman”.

Farinazzo esteve no centro de uma matéria recente do UOL, sobre esse movimento. A reportagem postou uma foto dele ao lado de integrantes do Nova Resistência, todos de camisa preta. Num vídeo de sua campanha, é apresentado como um “patriota de verdade”.

Essa aproximação do PDT com um movimento de caráter de extrema direita fez o partido soltar uma nota negando esse vínculo e ameaça expulsar quem se alinhar com essas ideias. O partido afirmou que não tem ligações com o Nova Resistência e seus membros e que a legenda tem mais de um milhão de filiados.

“Todos que assumirem a dupla militância serão excluídos.”

O PDT informou que registrou um caso de aproximação de um de seus filiados com o NR, como é conhecido, mas que a pessoa teve sua filiação cancelada. E diz que Farinazzo nega a defesa da pauta do NR.

“Vinculado à Internacional Socialista (IS), o partido reforça, há 42 anos, a responsabilidade e a coerência com o legado trabalhista, que inclui a defesa intransigente de grupos minoritários e de pautas fundamentais, como a racial, a religiosa e de gênero” – diz a nota, que não faz referência a Aldo Rebelo.

 

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