O candidato nanico que ameaça Doria e se projeta a “real” terceira via
Ex-petista, o presidenciável André Janones (Avante) tem 2% e com redes sociais, caravana e blitz no serviço público quer o Planalto
atualizado
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Sensação da pesquisa do Ipec divulgada esta semana, na qual aparece em quinto lugar com 2% da intenção de votos, empatado com João Doria (PSDB) – entre 12 pré-candidatos -, o deputado federal André Janones (Avante-MG), de 37 anos, sonha alto e não quer parar nesse patamar. E nem quer saber de modéstia.
“Pelas minhas contas, estimo que entre março ou abril já descolei dos outros e vou despontar como a terceira via. Pode anotar” – disse Janones ao Blog do Noblat, na sua primeira entrevista desde que seu nome apareceu como real ameaça ao poderoso governador de São Paulo.
“Uma simples foto de bom dia nas redes me gera meio milhão de visualizações” – declarou.
Janones é um fenômeno das redes sociais e contabiliza números grandiosos de visualizações e interações nas suas lives. Os 2% na pesquisa, diz ele, não o surpreendeu. Ele conta que numa live já alcançou 40 milhões de visualizações. Foi na transmissão que fez em defesa de seu mandato, que correu risco em 2018 pelos ataques pesados que fez aos colegas de Câmara. Disse que ali estava cheio de corruptos. Se retratou depois e reconheceu que “generalizou”.
Conta ser o detentor do recorde mundial de acesso simultâneo numa live, com 3,3 milhões de visualizações ao mesmo tempo. E que superou ninguém menos que a cantora Marília Mendonça, que detinha essa marca, com 3 milhões. Foi em setembro de 2020, numa transmissão em defesa do auxílio emergencial de R$ 600.
Com as redes sociais, uma caravana com um ônibus personalizado que circula o país e blitz com jaqueta de “fiscal do povo” em serviços públicos, filmada e transmitida, Janones acha que pode ir longe. Seu partido já o escolheu presidente e garante que irá manter sua candidatura até o final.
Ao todo, ele tem 12 milhões de seguidores, entre Facebook (8 milhões), Instagram (2 milhões) e youtube (1,4 milhão), além de twitter, tik tok e kwai.
Janones já foi filiado ao PT por dez anos e está no Avante desde 2017. Seguem trechos da entrevista ao blog.
Como o sr. explica ser desconhecido e aparecer ao lado de João Doria na pesquisa, com esses 2%?
Não me surpreende. Seria hipocrisia eu dizer isso. Quem conhece meus números sou eu. E não é prepotência, é real. Eu já bati 40 milhões de visualizações numa única live, num país de 200 milhões de pessoas. Foi quando conclamei as pessoas a salvarem meu mandato. Já tive outras várias lives de 25 milhões, de 18, de 19 milhões. Um levantamento mostrou recente que as lives do Bolsonaro atingem 5 milhões, 7 milhões. Eu, de 20 milhões, já tive umas dez. Curtida, no meu caso, está sendo convertida em votos.
O sr. tinha convicção então que já largaria com 2%?
Sim. Sempre soube que teria um retorno quando meu nome fosse jogado em pesquisa. Defendo pautas do Brasil, falo a língua do povo, luto redução do preço dos alimentos, pela melhoria na saúde púbica, auxílio emergencial. Defender algo para o país e não para a um estado específico. A greve dos caminhoneiros, em 2018, me jogou para cima, fiz vídeo que explodiu com 20 milhões de visualizações. Virei porta-voz nacional da causa. Comecei na greve com 55 mil seguidores e terminei com 1,2 milhão. Hoje, uma foto simples minha dando bom dia nas redes gera meio milhão de visualizações.
A que mais atribui essa projeção?
De falar a língua do povo, para a base da pirâmide. As lives sobre auxílio emergencial. Se perdeu muito tempo nesses três anos com debates ideológicos. Temos que baixar o preço do arroz e não discutir linguagem neutra nas escolas. Entende? E venho com rede social dialogar com as pessoas abandonadas. As incluo no debate. Não estão preocupadas com liberação de arma, porque pobre não compra arma. Não quer saber de ideologia de gênero.
O sr. será mesmo candidato à Presidência ou pode disputar outro cargo?
A presidente da República, já decidido com o partido. Não tem volta. Não tenho dúvidas que até abril me descolo dos outros da terceira via.
Avalie seus oponentes: Ciro Gomes.
Foi um bom governante, está nessa luta há muito tempo, mas não fala com o povo.
Sergio Moro.
Um bom nome, tem o simbolismo do combate à corrupção, mas é outro sem base, sem povo.
João Doria
Um gestor regional, falta a ele entender a dor do povo. Tem uma postura e se veste como se fosse falar para empresários, dar uma palestra. Falta a ele ser político.
Jair Bolsonaro
Esse não precisa falar nada. Antes da pandemia, era apenas um mau governante. Depois, virou um insensível, um mal-intencionado.
Lula
Não discuto com números, fez um bom governo. Mas poderia ter sido ótimo. Fez muito pelo social. Tem contra ele os casos de corrupção de seu governo, que vão reaparecer na campanha.
Programa de governo, o sr. tem?
Não tenho programa de governo, tenho experiência. Estou buscando as pessoas para construir algo. Não entendo de tudo. Conheço as desigualdades e sei que é preciso colocar dinheiro na mão dos pobres.