Nem avanço da pauta antiaborto fará Barroso desarquivar tema no STF
Presidente da Corte não quer “contaminar” ano eleitoral, apesar de extrema-direita defender pena para mulher estuprada
atualizado
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![Roberto Barroso](/_next/image?url=https%3A%2F%2Ffly.metroimg.com%2Fupload%2Fq_85%2Cw_700%2Fhttps%3A%2F%2Fuploads.metroimg.com%2Fwp-content%2Fuploads%2F2024%2F02%2F01150745%2FSessa%25CC%2583o-de-abertura-do-Ano-Judicia%25CC%2581rio-2024-conduzida-pelo-presidente-do-Supremo-Tribunal-Federal-STF-Lui%25CC%2581s-Roberto-Barroso-e-o-presidente-Lula-9.jpg&w=3840&q=75)
O Supremo Tribunal Federal se manterá inerte ao avanço da extrema-direita em mais uma pauta anti-aborto no Congresso Nacional. Essa é a decisão do ministro Luis Roberto Barroso, presidente do STF, que deixa engavetado, desde o ano passado, o julgamento sobre a descriminalização do ato.
O caso sobre a descriminalização do aborto em até 12 semanas está empoeirado no STF desde setembro de 2023, quando a ainda ministra e relatora Rosa Weber votou pela descriminalização. Desde então, o assunto está parado.
O vácuo na decisão de Barroso fez com que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocasse para votação de urgência o polêmico projeto que pune mais severamente a mulher estuprada, que cometeu o aborto, do que o estuprador.
Se aprovado, o texto configurará pena de até 20 anos para uma mulher que fez um aborto, enquanto a pena máxima para seu possível agressor é de 12 anos.
No STF, a ação que corre na Corte foi protocolada pelo PSol e pede a anulação de dois artigos do Código Penal que determinam prisão da mulher que abortar até o terceiro mês de gestação.
Há dois motivos que “justificam” a decisão de Barroso de não pautar o tema neste ano:
- O ministro acredita que pautas de costume, como a descriminalização do aborto e da maconha, podem influenciar as disputas eleitorais municipais de 2024 e tornar o debate mais nacionalizado do que já está, e;
- Barroso não quer criar animosidades com o Congresso Nacional, já que o clima não está bom desde o ano passado. O presidente do STF chegou a prometer a Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) que seguraria o tema.