MST “devolve” à Venezuela embaixada invadida por opositores de Maduro
Grupo ligado a Juan Guaidó tentou ocupar o local em 2019 e movimentos brasileiros permaneceram na embaixada até agora
atualizado
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A iniciativa do governo Lula em retomar as ligações com a Venezuela colocou fim a uma situação que durava mais de três anos. Em novembro de 2019, um grupo de apoiadores do Juan Guaidó, opositor de Nicolás Maduro, invadiu a embaixada venezuelana em Brasília.
Brasileiros ligados ao PT e a movimentos sociais, como o MST, entraram no prédio, em apoio a autoridades da Venezuela, e houve até conflito físico.
O governo de Nicolás Maduro acusou Guaidó, o autoproclamado presidente de seu país e que foi reconhecido por Jair Bolsonaro, pelo episódio e cobrou medidas do governo brasileiro.
A Polícia Militar também entrou no prédio e os invasores, depois de algumas horas, deixaram o local. Daquele dia até a posse de Lula brasileiros ligados a movimentos ocupavam a embaixada em apoio e também garantindo a segurança de autoridades daquele país no local.
Ao Blog do Noblat, um dos líderes nacionais do MST, João Paulo Rodrigues, falou da atuação do MST nesses anos na embaixada da Venezuela em Brasília.
“Com outros movimentos, ajudamos a cuidar da embaixada como patrimônio do povo venezuelano. Contribuímos lá com a tarefa de não deixar que houvesse nova invasão, para danificar a estrutura pública, na preservação da vida dos diplomatas que estão vivendo lá e garantir a soberania do governo de Maduro, ou Chávez, como representante real do povo venezuelano e impedir ação de qualquer grupo golpista” – disse Rodrigues.
No início de janeiro, houve um ato simbólico de devolução do prédio às autoridades venezuelanas. O presidente do Parlamento da Venezuela, Jorge Rodriguez, que representou seu país na posse de Lula, agradeceu o apoio dos ativistas brasileiros.
“Durante três anos vocês se mantiveram aqui, aguentado os ataques de quem, violando todas as normas do direito internacional, tentaram diminuir a dignidade de homens e mulheres cuja dignidade não pode ser diminuída”, disse Rodrigues, segundo divulgou o MST.
João Pedro Stédile, principal líder do movimento, compareceu e fez a “entrega” da embaixada.
“Queremos entregar, de forma simbólica, a embaixada de vocês no Brasil que os impostores de Guaidó tentaram tomar há 3 anos. Com as relações diplomáticas retomadas, nós podemos seguir o caminho do intercâmbio popular das formas de organização de nossos povos” – afirmou Stédile.
O governo brasileiro já anunciou que irá reabrir sua embaixada em Caracas.