Mobilização contra jogatina envolve católicos, evangélicos e espíritas
Entidades se mobilizam e, caso da CNBB, ameaçam a fazer campanha contra parlamentares favoráveis que tentarão reeleição
atualizado
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Correntes religiosas diversas se unem em campanha contra a aprovação do projeto que legaliza a jogo no Brasil, e que pode ser votado na Câmara neste mês de fevereiro. Entidades católicas, evangélicas e espíritas se manifestaram em notas e em mensagens aos parlamentares se posicionando contra a proposta.
Um argumento em comum entre as diferentes religião é a ameaça para a estruturação das famílias e o vício provocado pelo hábito do jogo.
A Federação Espírita Brasileira (FEB) afirmou em nota que “os jogos de azar são danosos a todo o sistema familiar, promovendo o adoecimento do indivíduo e das pessoas próximas. A FEB se posiciona contra o PL, sendo a favor da valorização da vida”, se manifesta a entidade.
A Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) também se posicionou contra e, mesmo com a tramitação legal no Congresso, entende que a proposta é inconstitucional por entender que gera danos à proteção de direitos como a saúde a segurança.
“Prejudica a saúde psicológica de parcela da população, corroendo relacionamentos sociais, gerando novas demandas no âmbito da saúde pública, facilitando atos de corrupção e sobrecarregando órgãos fiscalizadores. A tramitação em regime de urgência não condiz com a conjuntura do país, que ainda busca se recuperar dos efeitos ocasionados pela pandemia, havendo, portanto, pautas mais prioritárias para o poder público” – afirmou a Anajure em nota, lembrando que o projeto está sob o regime de urgência, condição que alcançou no final do ano passado, com o apoio também de parlamentares da esquerda.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ligada à Igreja Católica, não apenas critica o projeto como anunciou que irá fazer campanha pública contra os parlamentares que votarem a favor da volta da jogatina e que tentarão a reeleição.
“O voto favorável ao jogo será, na prática, um voto de desprezo pela vida, pela família e seus valores fundamentais. Particularmente neste ano eleitoral, a CNBB assume o compromisso de acompanhar atentamente essa tramitação e divulgar amplamente o nome dos parlamentares que escolherem deixar suas digitais nessa delituosa afronta
ao povo brasileiro” – informou a CNBB.
Um dos líderes do movimento “Brasil sem azar”, o advogado Paulo Fernando Melo atua contra o projeto.
“A liberação do jogo nunca vem sozinha, sempre está mal acompanhada da lavagem de dinheiro, do crime organizado, do caixa 2 de campanha eleitoral. Além de ser a destruição das famílias, um estímulo ao vício e também a proliferação de ludopatas (viciados crônicos em jogo)” – disse Melo.