Lula teme rompimento e retirou “adjetivos” de nota contra Venezuela
Presidente editou nota do Itamaraty sobre eleições no país vizinho
atualizado
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O presidente Lula (PT) escreveu praticamente sozinho a nota do Itamaraty em que o Brasil se mostrou “preocupado” com as eleições da Venezuela. O texto havia sido pedido pelo petista à equipe do Ministério das Relações Exteriores, que depois editou toda a nota do zero.
Lula retirou “adjetivos” que pudessem parecer um ataque contra Nicolás Maduro. O presidente teme que uma posição mais dura do Brasil contra a Venezuela leve a um rompimento de relações.
A avaliação é que um rompimento pioraria a situação política no país vizinho, já que o Brasil atua para que as eleições, em julho próximo, sejam transparentes e confiáveis.
Caiu mal a resposta da chancelaria venezuelana, que chamou a nota do Itamaraty de “comunicado cinzento e intervencionista” e que “parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Integrantes do Itamaraty acreditam que a reação foi pesada demais e que as relações estremecidas não devem piorar. Lula deve parar por aí.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo Itamaraty na terça-feira (26/03):
“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país.
“Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.
“Onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro. Entre eles, inclui-se o atual governador de Zulia, também integrante da Plataforma Unitaria.
“O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil.
“O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo.”