Lula reforça presença na mídia, mas falas preocupam aliados
Em entrevista, presidente disse que era difícil encontrar mulheres e negros para compor o governo; dólar segue em alta
atualizado
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Aconselhado a aparecer mais na mídia e fortificar a própria imagem, o presidente Lula (PT) já deu quatro entrevistas exclusivas neste mês de junho, além dos tradicionais “quebra-queixos”, quando responde a perguntas de repórteres. Na quarta-feira, foi a vez do UOL entrevistar o presidente, que disse, entre outras coisas, que “é difícil encontrar” mulheres e negros para compor o governo.
“Esse problema meu crônico, que eu discuto todo dia com a Janja. Como a mulher não teve participação ativa durante muito tempo, fica mais difícil você encontrar mulher para determinados cargos, e também fica mais difícil encontrar negros para determinados cargos”, disse o presidente.
O petista também fez o dólar disparar ao falar que o “mercado precifica a desgraça”. O comentário fez com que a moeda norte-americana fechasse o dia de ontem (26/06) a R$ 5,51.
As falas de Lula têm preocupado aliados, que acham que o estilo “fala tudo” do presidente pode atrapalhar o andamento de algumas matérias no Congresso Nacional. A reação interna à fala sobre o STF julgar a lei antidrogas fez com que deputados petistas ficassem com o cabelo em pé.
“Se um ministro da Suprema Corte pedisse um conselho para mim, eu diria: recuse essa proposta. A Suprema Corte não tem que se meter em tudo. Não pode pegar qualquer coisa e ficar discutindo porque começa a criar uma rivalidade que não é boa entre quem manda: o Congresso ou a Suprema Corte”, afirmou.
O governo evita um posicionamento claro em relação à PEC das Drogas e não vai escalar sua tropa de choque na comissão especial. O temor é que uma potencial derrota na Câmara manche a imagem de Lula.