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Líder da bancada evangélica critica “todes” do governo: “doutrinação”

Em entrevista ao blog, pastor e deputado Eli Borges (PL-TO) admite aproximação com governo, mas diz que Bolsonaro deu “show” na pandemia

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Evandro Éboli – Metrópoles
Deputado Eli Borges (PL-TO)
1 de 1 Deputado Eli Borges (PL-TO) - Foto: Evandro Éboli – Metrópoles

Novo coordenador da bancada evangélica na Câmara, o deputado e pastor evangélico Eli Borges (PL-TO) segue a cartilha de um conservador, como admite ser, com orgulho: contra o aborto mesmo nos chamados casos legais, defende o ‘homeschooling’, é contra plantação da maconha para fins medicinais,  e quer a isenção de impostos para os templos.

Em entrevista ao Blog do Noblat, Borges admitiu uma aproximação da bancada evangélica com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva desde que não signifique que esse grupo abra mão de suas bandeiras. Apoiador incondicional de Jair Bolsonaro, Borges diz que o ex-presidente atuou muito bem durante a epidemia, que adotou medidas rápidas e que deu “show” no combate ao Covid-19.

Perguntado sobre o que pensa da adoção da expressão “todes” – a linguagem neutra -, além de todos e todas, nos discursos de cerimônias palacianas, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, nome oficial do posto que irá ocupar por um ano, condenou e classificou como uma “doutrinação” da esquerda.

“Já pensou quantas mil expressões vão tirar do nosso dicionário? A dificuldade que as pessoas terão para fazer a leitura em braile. Ninguém aqui está lutando contra a busca homoafetiva. A intimidade tem que se viver na intimidade. A linguagem neutra vem como mais um posicionamento para tentar implantar no mundo e no Brasil a questão da ideologia de gênero. Aí, a criança na escola vai querer saber porque nã é mais menina ou menino. E nessa hora tem que explicar. E aí começa o caminho da doutrinação nas escolas” – afirmou Borges ao blog.

Sobre relação com o governo do PT, ele disse:

“Nenhuma dificuldade em fazer tratativa institucional e coletiva. Individualmente, acho que não devo fazer essa tratativa com o governo. Se o governo quiser conversar, a frente conversa institucionalmente. Até porque temos um entendimento bíblico de respeito à autoridade constituída. Mas sem abrir mão de nossas pautas nem as amenizando. Elas não estão no balcão para qualquer negociação”.

Eli Borges diz que fez um debate profundo sobre a questão da aplicação do canabidiol como remédio para várias doenças no país, que já vem sendo utilizado, mas depende de decisão judicial ou autorização da Anvisa. O religioso afirmou ser contra o plantio da maconha para produção do produto.

“Não podemos abrir o precedente do plantio da maconha no Brasil. A proposta do projeto de lei (aprovado na Câmara) envolve associações plantando, transporte. Isso é horrível. A área para resolver isso não é do tamanho do Maracanã, o seu plantio. Se a Anvisa entender e o médico puder passar o remédio, que se importe a matéria-prima”.

Aliado de Bolsonaro, o líder da bancada evangélica diz que seu governo foi “mal compreendido” por setores da imprensa e se refere a ele como um “grande brasileiro” que merecia ter sido reeleito. O deputado prefere não comentar as declarações do ex-presidente sobre a Covid-19, que chegou até a imitar uma pessoa com falta de ar, mas elogia sua condução da doença.

“Qual país se esforçou mais na vacinação das pessoas e começou mais rápido? Eu não caí nessa pilha de que ele não quis vacinar as pessoas no tempo certo. Talvez ele devesse evitar posições pessoais. A dose de criminalização do Bolsonaro foi excessiva. Até porque lhe pergunto: quem tinha garantia que a vacina disponível no mundo ia resolver o problema? O vírus era uma coisa nova. Bolsonaro não tinha toda a informação para dizer que era bom. Mesmo com toda especulação, ele saiu na frente que muitos países do mundo. Deu show na vacinação” – afirmou.

Sobre aborto, o deputado tem posição radical contra, até mesmo nos casos permitidos por lei, como estupro da mulher, gravidez de alto risco e em caso de feto anencéfalo.

“Entendo que o aborto é um prática que não podemos concordar desde a concepção. Por exemplo: se uma mulher é violentada, como se resolve? A mãe pode falar, o Estado pode falar e esta criança, que quer nascer, está proibida de falar, de dizer ‘estou aqui, eu existo. Não tenho culpa de nada’. A solução disso é o governo criar um programa de mega-acompanhamento dessas mulheres e também um mega projeto de adoção” – diz Borges, que segue sobre o assunto:

“Essa mãe que aborta sofre muito ao longo de sua vida. No aniversário do menino de 10 anos, se ele estivesse vivo, como seria ele? Ela pensa que se libertou daquela criança e depois passa o resto da vida imaginando como seria esse ser que ela abortou. Onde estaria? Fazendo o quê?”

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