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Julio Lancellotti, o padre mais odiado pela extrema-direita

Querem que o padre seja investigado pelo Vaticano, Ministério Público e por uma CPI. Ainda bem que o Papa não é brasileiro

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1 de 1 Imagem colorida: Padre Julio Lancellotti segura imagem de menino Jesus negro - Metrópoles - Foto: @padrejulio.lancellotti/ Instagram

“Cristão, Conservador, Monarquista, Paulista morando no nordeste e apaixonado pelo Brasil!”. Por mais contraditório que pareça, é assim que se identifica no X um dos perfis que ajudaram a impulsionar para milhões de pessoas o vídeo sem checagem nenhuma que dizem ser do Padre Julio Lancellotti se masturbando enquanto conversa com um adolescente pela internet.  Não citarei o nome do sujeito para não dar ibope a um idiota, é o objetivo dessa gente. Mas é um entre centenas que seguiram na campanha incessante de difamar pelas redes sociais o padre mais detestado pela extrema-direita.

Acusações antigas contra Lancellotti jamais se sustentaram, como em 2007, quando grampos telefônicos comprovaram que o padre sofria chantagem de um pai de um adolescente. Ele ameaçava acusar o padre de pedofilia caso Lancellotti não ajudasse a libertar um amigo que teria sido preso. A acusação não deu em nada. Houve também uma armação do MBL que teria forjado denúncias de conversas sexuais do Lancellotti com um menor pelo facebook. O caso acabou arquivado pelo Ministério Público em agosto de 2021.

As acusações de pedofilia contra Lancellotti ganharam coro nas redes sociais a partir de 2017, quando Jair Bolsonaro publicou um vídeo intitulado: “O nebuloso envolvimento do Padre Julio Lancelotti em caso de pedofilia”. O material editado com reportagens antigas e incompletas, além de imagens do Bolsonaro como o defensor das crianças, foi o que incitou a extrema-direita a eleger o Lancellotti como alvo.

Presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, Milton Leite (União Brasil) disse à Folha de S.Paulo que recebeu denuncias tão graves contra Lancellotti que as endereçou ao Vaticano, além do Ministério Público. Não revelou qual seria a acusação contra o padre, mas se comprovado, ele promete tornar publico. Também promete dar fim a tudo se for uma fake news para não manchar a imagem da igreja Católica que jura tanto respeitar. A conferir o resultado das investigações para saber como ele agirá.

Bolsonaristas unidos a políticos do partido Novo e gente do MBL. Ameaça de CPI para expor o padre que faturaria com a cracolândia. O suprassumo do reacionarismo ataca de novo. Uniram-se contra professores, a quem chamam de doutrinadores. Uniram-se contra artistas, a quem acusam de roubar com a lei Rounet. Uniram-se contra os jornalistas, os falsificadores da realidade. O que custa atacar um padre se ele é de esquerda? Essa gente tomada pelo ódio político não tem freio na hora de escolher a quem atropelar. Quem será jantado hoje?

A estratégia de um inimigo em comum e permanente é o que dá fôlego aos movimentos extremistas. O Padre Lancellotti é a bola da vez só porque é de esquerda, um progressista. Em tempos de eleição municipal vale usar até padre como escada. Quem sabe assim conseguem alavancar uns pontinhos na pesquisa? Ainda bem que o Papa Francisco é argentino, imagina se fosse brasileiro, os reacinhas de plantão ficariam sedentos por mais uma CPI.

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