Itamaraty avalia bem período no comando do Conselho de Segurança
Avaliação brasileira ignora resolução vetada e considera que diplomacia cumpriu o que prometeu
atualizado
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O Brasil deixa a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça-feira (31/10) com sentimentos mistos. Enquanto parte da diplomacia brasileira entende que o país não conseguiu liderar uma frente contra as guerras, outra parcela avalia que o período na presidência do grupo concedeu relevância ao Brasil.
Antes de assumir a presidência do grupo, a principal demanda do Brasil era elaborar uma resolução que aprovasse uma intervenção estrangeira na segurança do Haiti. O objetivo foi cumprido nos primeiros dias da liderança brasileira.
Outro objetivo primordial era o avanço das negociações de paz entre o governo da Colômbia e as guerrilhas. O grupo decidiu ontem (30/10) a prorrogação da missão de verificação dos acordos. A medida foi vista como vitória.
O período só não foi perfeito por causa do atropelo da guerra entre Hamas e Israel. Em 7 de outubro, o movimento sunita palestino invadiu comunas israelenses, matou e sequestrou pessoas, além de ter sido responsável por inúmeros bombardeios.
O Brasil até tentou aprovar uma resolução e criar consensos entre China, EUA e Rússia, mas não conseguiu até os 45 minutos do segundo tempo. Ontem, o ministro das Relações Exteriores foi direto nas críticas aos integrantes permanentes do Conselho de Segurança: “O fato de o Conselho não ser capaz de cumprir sua responsabilidade de salvaguardar a paz e a segurança internacionais devido a antigos antagonismos é moralmente inaceitável”, disse o chanceler.
“Nós continuamos em um impasse em razão de divergências internas, particularmente entre alguns dos membros permanentes, e graças ao uso persistente do Conselho para alcançar seus próprios propósitos, em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo” – Mauro Vieira.
Pesa também na avaliação a inação do Conselho de Segurança para com a guerra da Ucrânia. As críticas dos diplomatas brasileiros, no entanto, ultrapassam a gestão do Brasil. Para eles, não trazer um tema tão relevante para as reuniões foi uma estratégia para não criar ruídos com EUA e Rússia, dois integrantes permanentes.