Impopularidade de Bolsonaro compromete candidaturas de seus ministros
Diante da rejeição ao presidente, auxiliares reveem pretensões políticas e avaliam disputar Congresso em vez de governos estaduais
atualizado
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A impopularidade do presidente da República, a falta de confiança no governo e o risco de Jair Bolsonaro ser derrotado ainda no primeiro turno em 2022 estão alterando a disposição e as pretensões políticos de seus ministros-candidatos.
Com receio de não serem eleitos, esses aliados refazem seus planos, mas, com receio de desagradar ao presidente, ainda não o comunicaram desse desejo.
Bolsonaro precisa desses nomes para ter palanques nos estados, mas nem todos estão dispostos a correr riscos. A opção para o Congresso Nacional prevalece nesse momento.
Os ministros apostam em futuras alianças de Bolsonaro para fugirem da mira do presidente.
“O que torço é para o presidente buscar outros nomes na aliança que deve fazer para tentar a reeleição” – disse um ministro ao Blog do Noblat, com pedido de reserva de seu nome.
“Há o entendimento também de que um ministro não deve ficar exposto, correr riscos. Precisa ter uma eleição garantida” – completou esse auxiliar de Bolsonaro.
Caso a caso, alguns nomes
Gilson Machado (Turismo) – a presença em lives ao lado do presidente, com sua sanfona, o fez acreditar ser popular e a sonhar alto, até com governo de Pernambuco, num estado à esquerda na política. Hoje, seu nome é citado para disputar uma vaga na Câmara. E com riscos de não ser eleito.
Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) – a contragosto, pode ser lançado candidato a governador em São Paulo. Sabe-se que o ministro não desejaria o cargo nem aquele colégio eleitoral. Gostaria de concorrer, para o Senado, num estado como Goiás ou Tocantins. Bolsonaro o quer candidato à sucessão de João Doria. Uma aliança entre Lula, Geraldo Alckmin e Márcio França reduz ainda mais qualquer chance de sua eleição.
Tereza Cristina (Agricultura) – sempre preferiu disputar o Senado em Mato Grosso do Sul. Entre os auxiliares de Bolsonaro, é a mais convicta do que quer. Tem sido respeitada na sua vontade até agora.
Flávia Arruda (Secretaria de Governo) – outra candidatíssima ao Senado, no Distrito Federal. Sua campanha já está encaminhada, sob os cuidados do marido e ex-governador José Roberto Arruda, que costura apoios e nomes.
Ciro Nogueira (Casa Civil) – o “amortecedor” de Bolsonaro tem dúvidas ainda. Seria natural candidato ao governo do Piauí, mas enfrentaria uma gestão petista e num estado lulista. Na sua região, o Centrão, grupo que lidera, ainda pende e muito para a esquerda.
Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) – deve disputar mesmo o governo gaúcho e garantir um palanque num estado importante. Se Bolsonaro até lá se tornar competitivo contra Lula, e tiver real chance de ser reeleito, Onyx pode tentar o Senado. Isso porque Bolsonaro já cansou de repetir que quer priorizar eleição de senadores.
Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) – pode disputar qualquer cargo, de deputado federal a governador. Mas não vai arriscar uma eleição certa para o Congresso para uma disputa duvidosa no governo estadual.
Fábio Faria (Comunicações) – trabalha para se eleger senador e deve compor com Marinho alguma chapa. Só não vão disputar entre eles a única vaga do estado para o Senado.
Marcelo Queiroga (Saúde) – incógnita absoluta. Uma vaga na Câmara deve ser o caminho mais certo. Seu desgaste no Ministério da Saúde o inviabiliza como um nome para o Senado.
João Roma (Cidadania) – em delicada situação, ainda que esteja à frente do “maior programa social do mundo”, como o governo vende o Auxílio Brasil. Bate de frente com duas das maiores lideranças do estado: ACM Neto e Rui Costa. Muito improvável que não tente a reeleição para a Câmara.
Anderson Torres (Justiça) – com pouco espaço de manobra na política do Distrito Federal. Seu nome só aparece para uma das oito disputadíssimas vagas para a Câmara no DF. E está longe de aparecer entre os favoritos.