Hang, “O Veio da Havan”, faz de CPI palco de programa de auditório
Em meio a depoimento sobre as fake news, a Covid-19 e a morte de sua mãe, empresário pede para “mandar beijo” aos seus admiradores
atualizado
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O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, usa a CPI da Covid-19 como palco de programa de auditório. Sem ofensa à memória de Chacrinha, bem-sucedido apresentador de programas de televisão à sua época, o show de Hang ainda em curso se assemelha ao espetáculo do velho palhaço.
Hang vestiu-se com sua habitual roupa espalhafatosa, verde e amarelo, e, sempre que tem a palavra, apela para frases de efeito, em uma tentativa de autopromoção. O “Veio da Havan” chegou ao Senado querendo “causar”: estava com algemas, mas o protesto, ou a palhaçada, foi barrado pelos seguranças.
O depoente abriu a oitiva com um balanço patrimonial de suas empresas, e fez questão de dizer, desde o começo, que é um bilionário de sucesso. Ao ser perguntado sobre vídeo gravado no dia anterior ao seu depoimento, no qual provocava senadores, afirmou que é preciso “resguardar o senso de humor”.
No meio do depoimento, ensaiou: “Eu queria mandar um beijo…”. Foi interrompido pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “O senhor não pode mandar um beijo. Está aqui como investigado”, retrucou Rodrigues. Embora defenda o tratamento precoce, que se revelou ineficaz contra a Covid-19, Hang disse que não é negacionista.
Riu diante da exibição por Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, de vídeos em que pedia que os colaboradores de suas empresas votassem em Bolsonaro. Contou histórias de quando era jovem, com sapatos furados. Esquivou-se das perguntas que quis. E fez comerciais de suas lojas. Debochou, a certa altura:
“Sou chamado de Veio da Havan por não saber de nada.”
A plateia dividiu-se entre vaias e aplausos. Um dos que o aplaudiram, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) havia passado 17 sessões sem comparecer à CPI. E não perdeu uma só oportunidade de sair em defesa do empresário. O senador Omar Aziz (PSD-AM) disparou, à queima-roupa, contra Hang.
“O senhor não tem dinheiro pra comprar dignidade!”