Haddad na África foi jogada de Lula para acelerar arcabouço fiscal
Presidente quis afastar ministro da Fazenda das negociações pela votação do texto; Guimarães é mais “maleável” a Lira
atualizado
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Depois do ruído entre o deputado Arthur Lira (PP-AL) e Fernando Haddad, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por afastar o ministro da Fazenda das negociações pela votação do arcabouço fiscal na Câmara.
Quando o texto passou pela primeira vez na Câmara, em maio, Haddad foi o principal articulador do governo entre os congressistas. O ministro chegou a ser elogiado por Lira, que até pediu a substituição de Rui Costa por Haddad na Casa Civil.
Desta vez, as negociações ficaram nas mãos do número dois do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). O deputado é considerado mais maleável a Lira e tende a ceder aos desejos do presidente da Câmara.
Lula afastou Haddad para evitar um novo atraso da votação do arcabouço fiscal. Na semana passada, Lira cancelou reuniões de líderes que decidiria o trâmite da proposta após o ministro dizer que a Câmara “tem poder demais”.
Haddad foi convidado para integrar a comitiva de Lula à África do Sul em cima da hora. A agenda do ministro durante a cúpula do Brics é curta. Mesmo a 7,8 mil quilômetros de distância de Brasília, ele ainda telefonou para congressistas para negociar a tramitação do texto.
O arcabouço fiscal foi aprovado ontem (22/08) durante sessão na Câmara dos Deputados. O placar foi de 351 x 92, e vai à sanção de Lula.